segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ano Novo

2012 foi um ano difícil... Juntemos, pois, a beleza e a dor... 
Isso tem que dar música com Erhu...

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Poema do Pe. José de Anchieta sobre Jesus na Manjedoura


- Que fazeis, menino Deus,
Nestas palhas encostado?
- Jazo aqui por teu pecado.

- Ó menino mui formoso,
Pois que sois suma riqueza,
Como estais em tal pobreza?

- Por fazer-te glorioso
E de graça mui colmado,
Jazo aqui por teu pecado.

- Pois que não cabeis no céu,
Dizei-me, santo Menino,
Que vos fez tão pequenino?

- O amor me deu este véu,
Em que jazo embrulhado,
Por despir-te do pecado.

- Ó menino de Belém,
Pois sois Deus de eternidade,
Quem vos fez de tal idade?

- Por querer-te todo o bem
E te dar eterno estado,
Tal me fez o teu pecado.

Padre José de Anchieta.

Fonte: Montfort

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A verdadeira contemplação não prescinde do comum



"Nada é mais alheio à autêntica tradição monástica e contemplativa (isto é, carmelitana) na Igreja do que uma espécie de agnosticismo que exaltaria o contemplativo acima do cristão comum, introduzindo-o num domínio de conhecimento e de experiências esotéricos, livrando-o das lutas, preocupações e sofrimentos comuns à existência humana, colocando-o num plano elevado, num estado privilegiado entre os espiritualmente puros, como se fosse quase um anjo, invocado pela matéria e as paixões e, afinal, sem estar familiarizado com a economia da cruz, dos sacramentos e da caridade.


O caminho da oração monástica não é algo que leve a uma fuga sutil da economia cristã da encarnação e da redenção. É um modo especial de seguir o Cristo, de participar da sua paixão e ressurreição e da sua obra redentora em relação ao mundo. Por esta mesma razão, as dimensões da oração em solitude são as mesmas da angústia comum ao homem, de sua busca de si mesmo, de seus momentos de náusea em face de sua vaidade, falsidade e capacidade de traição. Longe de estabelecer alguém numa segurança narcisista intangível, o caminho da oração nos coloca cara a cara com a impostura e a indignidade do falso eu que procura viver unicamente para si mesmo e saborear as "consolações da oração" egoisticamente. Este "eu" é pura ilusão."

Thomas Merton, Poesia e Contemplação.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A necessidade da contemplação



"Creio na influência de homens silenciosos e irradiantes e digo a mim mesmo que estes homens são raros. Entretanto, eles dão sabor ao mundo... Nada estará perdido enquanto homens como esses continuarem a existir. Se há algo que devemos desejar em nossos dias, é que possamos ver em nós mesmos os inícios da contemplação."

Marius Grout


"A religião tem sempre tendência a perder sua consistência interior e a fé sobrenatural quando lhe falta o fervor da contemplação. É o elemento silencioso, vazio e aparentemente "inútil" na vida de oração, que a torna verdadeiramente uma vida"

Thomas Merton

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Autocomplacência - Sinal de Estagnação Espiritual



"Quantas vezes o guia espiritual, ouvindo almas religiosas aparentemente admiráveis, se entristece e fica atônito pelo sentimento de que diante dele se encontra um muro de auto-suficiência, vaidade e inconsciente auto-satisfação, reforçado de "frases feitas" banais, plagiadas de piedosos autores, muro inteiramente preparado a resistir a toda e qualquer penetração da humildade e da verdade. Seu coração se contrai, é tomado por um sentimento de inutilidade da coisa, de que não há jeito de destruir essa armadura e libertar a verdadeira pessoa enterrada e presa debaixo dessa falsa fachada. A autocomplacência habitual é quase sempre um sinal de estagnação espiritual. Os complacentes não experimentam nenhuma necessidade urgente do auxílio de Deus, não têm consciência real da sua indigência. A meditação desses é confortável, reconfortante e inconcludente. Sua oração mental degenera rapidamente em distrações, castelos no ar ou sono indisfarçado. Por essa razão, as provações e tentações podem ser uma verdadeira bênção na vida de oração. Simplesmente porque nos forçam a orar. Quando começamos a descobrir a necessidade que temos de Deus, é que aprendemos pela primeira vez como, realmente, meditar."

Thomas Merton, Direção Espiritual e Meditação

sábado, 1 de dezembro de 2012

Renúncia



Chora de manso e no íntimo... procura 
Tentar curtir sem queixa o mal que te crucia: 
O mundo é sem piedade e até riria 
Da tua inconsolável amargura. 

Só a dor enobrece e é grande e é pura. 
Aprende a amá-la que a amarás um dia. 
Então ela será tua alegria, 
E será ela só tua ventura... 

A vida é vã como a sombra que passa 
Sofre sereno e de alma sobranceira 
Sem um grito sequer tua desgraça. 

Encerra em ti tua tristeza inteira 
E pede humildemente a Deus que a faça 
Tua doce e constante companheira...

Manuel Bandeira