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quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

"Para compreender o Natal, é preciso ter o coração dos santos"

 

Para compreender o mistério do Natal é preciso ter o coração dos santos. Eles não ficavam na superficialidade do Natal, mas penetravam no íntimo do mistério. "A encarnação - escrevia uma destas almas - realiza em nós duas coisas: a primeira é que nos enche de amor; a segunda, nos dá a certeza da nossa salvação. A caridade que ninguém pode compreender! O amor além do qual não existe amor maior: o meu Deus se fez carne para me fazer Deus! O abismo do teu fazer-te homem arranca dos meus lábios palavras tão desentranhadas. Quando tu, Jesus, me fazes compreender que nasceste por mim, como é glorificante para mim compreender um tal fato!" (B. Angela de Foligno, Il Libro, Quaracchi 1985, p.7122 s.). 

Durante as festividades do Natal, nas quais acontece a sua passagem deste mundo, esta insuperável escrutadora dos abismos de Deus, uma vez mais voltando-se aos filhos espirituais que a circundavam, exclamou: O Verbo se fez carne!" E depois de uma longa hora na qual permanecera absorta neste pensamento, quase voltando de muito longe, acrescentou: "Nenhuma criatura consegue. Toda inteligência dos anjos não basta!" E aos presentes que lhe perguntavam o que nenhuma criatura consegue e para que coisa a inteligência dos anjos não basta, respondeu: "Para compreender!" (ib. p. 726).

Pe Raniero Cantalamessa. O Mistério do Natal. Aparecida SP: Editora Santuário, 1993. p. 41-42.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Prefiro morrer por Jesus do que reinar - Sto Inácio de Antioquia


 "Nem todos os reinos do mundo, nem as mais distantes partes da terra são para mim de algum proveito. Prefiro morrer por Jesus Cristo do que reinar sobre os mais longínquos recantos do universo. Procuro Aquele que morreu por nossa causa; desejo Aquele que para a nossa salvação ressuscitou. Sinto em mim como que dores de um novo nascimento. Ajudai-me a suportá-las, Irmãos. Não me impeçais de viver; não desejeis a minha morte. Não procureis reter no mundo aquele que deseja ser de Deus, e não me tenteis com coisas materiais. Deixai que eu receba a pura luz. Quando estiver mergulhado nessa luz, só então serei homem. Permiti que eu possa imitar a paixão de meu Deus. Se algum dentre ós possui a Deus em si, há de compreender o meu anseio e compartilhar do meu sentimento, pois sabe as coisas que me embaraçam. .... Só serei verdadeiramente discípulo de Jesus Cristo quando o mundo não vir nem o meu corpo".

Trecho de uma carta de Santo Inácio de Antioquia, escrita quando ele estava sendo enviado a Roma, onde seria martirizado.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

As preocupações do homem fútil são como teias de aranha


"Apesar de sua aparente consistência, a teia de aranha desfaz-se e desaparece ao mais leve toque da mão. Assim, a vida do homem implicado nas preocupações fúteis - como se se tratasse de fios suspensos no ar - tece inutilmente sua teia inconsistente; basta submetê-la a um questionamento mais sistemático, e a frívola preocupação escapa à prisão e desaparece.

Tudo o que se persegue nesta vida só existe na opinião e não na realidade: a honra, a dignidade, a glória, a fortuna e tudo aquilo a que se dedicam as aranhas da vida...

Aqueles que sobem em direção aos cimos escapam com a leveza de seu vôo às tramas das aranhas do mundo; pelo contrário, aqueles que, à semelhança das moscas, são pesados e desprovidos de energia, permanecem grudados aos viscos da vida, estão presos e acorrentados como que por redes às honras, prazeres, elogios e múltiplos desejos, tornando-se assim a presa da Besta que procura capturá-los."

São Gregório de Nissa

domingo, 31 de maio de 2015

Gregório Taumaturgo acerca do ensino de Orígenes


"A fim de evitar que nos viesse acontecer o que ocorre com a multidão das pessoas inexperientes, ele não nos introduzia em um único sistema filosófico, nem nos deixava deter-nos nele, mas nos guiava através de todos, não permitindo que ignorássemos qualquer doutrina dos gregos. Ele próprio nos orientava nesta busca, à semelhança de um hábil artista que, por um experiente uso da filosofia, conhecesse tudo, discernindo o que era bom e útil em cada sistema para chamar nossa atenção precisamente para esse aspecto, não deixando de afastar os erros. E nos aconselhava a evitarmos o apego a qualquer filósofo, mesmo que tivesse sido declarado por todos os homens como perfeitamente sábio, para aderirmos somente a Deus e a seus profetas.

Assim, nós também, se nos ocorrer, às vezes, de encontrar algo de verdadeiro entre os pagãos, evitemos de menosprezar, imediatamente, o autor e seu pensamento. Além disso, o fato de termos uma lei que nos foi dada por Deus, não nos dá o direito de sermos orgulhosos e menosprezarmos as palavras dos sábios; pelo contrário, como afirma o apóstolo, devemos experimentar e reter o que é bom.

Ele explicava e iluminava o que era obscuro na Escritura, como um ouvinte de Deus hábil e muito perspicaz, ou então expunha o que, em si, era claro, ou que o era, pelo menos, para ele; aliás, neta época, foi o único homem que conheci ou de quem ouvi falar que, pela meditação das puras e luminosas palavras, fosse capaz de penetrá-las e ensiná-las. De fato, o Espírito que inspira os profetas e todo discurso místico e divino, ao honrá-lo como um amigo, o havia estabelecido como seu intérprete [...]. Com efeito, é necessária a mesma graça, tanto para compreender a profecia, quanto para enunciá-la.

(...)
Nada era proibido, nem ocultado, nem inacessível. Podíamos aprender qualquer doutrina, bárbara ou grega, mística ou moral, examinar em profusão todas as idéias, empanturrar-nos com todos os bens da alma. Qualquer pensamento antigo que fosse verdadeiro, acabava por nos pertencer, por nossa própria vontade, com a possibilidade maravilhosa das mais belas contemplações; para nós, era verdadeiramente uma imagem do paraíso.

Jean-Yves Leloup, Introdução aos verdadeiros filósofos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. p.43-45.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Reclamações de Sta Teresa D'Avila a Jesus


Certo é que me regalei hoje com o Senhor, e ousei queixar-me de Sua Majestade, dizendo-lhe: "Deus meu! Não basta que me conserveis presa nesta vida miserável, e que por vosso amor eu a aceite submetendo-me a viver onde sou forçada a comer, dormir, ocupar-me de negócios e tratar com todos? Bem sabeis, Senhor meu, que tudo isso é grandíssimo tormento para mim, que, entretanto, suporto-o por amor de vós. São embaraços que me impedem de me regozijar convosco. E será possível que nos poucos momentos que me restam para estar convosco, ainda vos escondais de mim? Como conciliar isto com a vossa misericórdia? Como o pode sofrer o amor que me tendes? Creio, Senhor, que se fora possível esconder-me de vós como vos escondeis de mim, jamais o consentiríeis, pelo amor que me tendes. Mas vós estais comigo e sempre me vedes... Não pode ser assim, Senhor meu, Reconhecei, suplico-vos, que isto é injuriar aquela que tanto vos ama."

Estas e outras coisas aconteceu-me dizer (...) Algumas vezes o amor tanto me desatina, que não sei mais de mim, e é com muita convicção que prorrompo nestas queixas, e o Senhor tudo me permite. Louvado seja tão bom Rei!

Sta Teresa D'Avila, Livro da vida, Cap.37, n.8-9.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Sta Teresa D'Avila tenta descrever a luz do Corpo glorioso de Jesus


"Não é brilho que deslumbre. É brancura suave, resplendor infuso que encanta a visa e não cansa. O mesmo digo da claridade em que se vê esta formosura tão divina. É luz tão diferente da que existe na terra, que a claridade do sol nos parece apagada, em comparação daquele fulgor esplêndido que se apresenta à nossa vista. Quem a viu uma vez não desejará mais abrir os olhos. É como contemplar uma água muito límpida que desliza sobre cristal refletindo o sol, e depois olhar outra muito turva correndo em dia de grande nevoeiro por cima da terra. Não é que se veja o sol, nem semelhança de luz solar. Em suma, é luz que mostra ser verdadeira, e a deste mundo é artificial. Luz que não conhece noite. Brilha sempre e nada a pode ofuscar. 

Finalmente, é de tal sorte que, por grande inteligência que uma pessoa tivesse, não a poderia imaginar, esforçando-se todos os dias de sua vida. E Deus a apresenta tão subitamente à nossa vista, que nem há tempo para abrir os olhos se fosse preciso abri-los. Tanto faz estarem abertos como fechados, pois, quando o Senhor quer, vemos, ainda que não queiramos. Não há distração que o estorve, nem resistência possível, nem diligência, nem cuidado que o consiga."

Sta Teresa D'Avila, Livro da vida, Cap. 28, n.5.

Usufruir através de prazeres do que Cristo nos ganhou à custa de tanta dor?


"Por que havemos de querer tantos bens, deleites e glórias sem fim, tudo unicamente à custa do bom Jesus? Não choraremos sequer ao menos com as filhas de Jerusalém, pois que não o ajudamos a levar a cruz como o Cirineu? Com prazeres e passatempos havemos de usufruir do que ele nos ganhou à custa de tanto sangue? É impossível. E com honras vãs pensamos reparar um só dos desprezos que ele sofreu a fim de adquirirmos um reino eterno? Não tem cabimento. Errado, este caminho é errado; por ele nunca chegaremos lá." 

Sta Teresa D'Avila, Livro da Vida. Cap.27, n.13.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Matéria e Forma

"Quando as coisas dependem umas das outras de tal modo que umas são causa das outras, aquela que exerce o papel de causa pode ter o ato de ser sem a outra, mas não ocorre o inverso. Isso é o que se dá na relação entre a matéria e a forma: a forma é a que confere o ato de ser à matéria. Por isso, é impossível que a matéria exista sem uma forma, mas não é impossível que uma forma exista sem matéria. Com efeito, a forma, enquanto forma, não depende da matéria; e se há formas que só podem existir na matéria isto se deve à distância que as separa do primeiro princípio, que é o ato primeiro e puro. Assim é que as formas mais próximas ao princípio primeiro são formas subsistentes sem matéria, porque a forma, como dissemos, não necessita da matéria segundo todo o seu gênero. E essas formas que não necessitam da matéria para existir, são espíritos puros. Por isso, não é necessário que as essências ou quididades dessas substâncias sejam mais que a forma." 

Sto Tomás de Aquino, O ente e a essência

sábado, 14 de dezembro de 2013

Dia de São João da Cruz - Um Pastorinho


Um Pastorinho, só, está penando,
privado de prazer e de contento,
Posto na pastorinha o pensamento,
Seu peito de amor ferido, pranteando.

Não chora por tê-lo o amor chagado,
Que não lhe dói o ver-se assim dorido,
Embora o coração esteja ferido,
Mas chora por pensar que é olvidado.

Que só o pensar que está esquecido
Por sua bela pastora, é dor tamanha,
Que se deixa maltratar em terra estranha,
Seu peito por amor mui dolorido.

E disse o Pastorinho: Ai, desditado!
De quem do meu amor se faz ausente
E não quer gozar de mim presente!
Seu peito por amor tão magoado!

Passado tempo em árvore subido
Ali seus belos braços alargou,
E preso a eles o Pastor ali ficou,
Seu peito por amor mui dolorido.

S. João da Cruz

***
Só esclarecendo:

- O Pastorinho é Jesus;
- A pastorinha é a alma humana;
- A terra estranha é esta terra, chamada pelos místicos de exílio; aqui o santo faz referência à Encarnação de Jesus;
- A árvore é a Cruz.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Viver eucaristicamente


Há um longo caminho entre a satisfação pessoal de ser um "bom católico", que "cumpre com seu dever", lê um "bom jornal", "faz boas escolhas", etc., mas no mais faz o que lhe agrada, até chegar a uma vida nas mãos de Deus e a partir das mãos dele, na simplicidade da criança e na humildade do cobrador de impostos. Todavia, quem uma vez já trilhou o caminho não o fará novamente. Assim, a filiação divina significa: tornar-se pequeno, mas ao mesmo tempo tornar-se grande. Viver eucaristicamente significa sair perfeitamente da estreiteza da própria vida e crescer para dentro da amplidão da vida de Cristo. Quem procurar o Senhor em sua morada não vai querer vê-lo ocupar-se apenas conosco e com os nossos assuntos pessoais. Irá começar a interessar-se pelos assuntos do Senhor.

Edith Stein, teu coração deseja mais

O amor aos outros


Se Deus está em nós e se Ele é o amor, não pode ser diferente, não podemos deixar de amar os irmãos. Por isso, nosso amor ao ser humano é nosso amor a Deus. Mas é um amor diferente do que o amor natural humano, que se aplica a esse e àquele, com os quais estamos ligados com laços de sangue, ou pelo parentesco do caráter, ou por interesses comuns. Os outros são "estranhos" que "nada nos dizem", alguns inclusive nos são ofensivos, de modo que gostaríamos de tê-los o mais distante possível.

Para o cristão não existem pessoas "estranhas". Aquele que tenho diante de mim e que mais necessita, este é cada vez o meu próximo; não importando se ele é parente ou não, se "gostamos" ou não, se ele "valoriza moralmente" a ajuda ou não.

O amor de Cristo não conhece limites e não acaba jamais, não pestaneja frente ao que é feio e sujo. Ele veio por causa dos pecadores e não por causa dos justos. E se o amor de Cristo vive em nós, então fazemos como Ele fez e vamos atrás da ovelha perdida. 

O amor natural busca ter para si as pessoas amadas, e na medida do possível possuí-las só para si. Cristo veio para reconquistar a humanidade perdida para o Pai; e quem ama com seu amor busca conquistar as pessoas para Deus e não para si. Isso é certamente, também, o caminho seguro para possuir essas pessoas eternamente; pois quando conquistamos uma pessoa em Deus, então somos na visão dele um com ela, enquanto que a busca de apoderar-se  nos leva muitas vezes - mais cedo ou mais tarde, sempre - à perda. Isso pode ser aplicado tanto para a alma do outro como para a própria, e também para os bens exteriores: quem está angustiado por ganhar e reter, este perde. Quem entrega tudo em Deus, este ganha.

Fiat voluntas tua! Seja feita a tua vontade!

Edith Stein, teu coração deseja mais

terça-feira, 23 de abril de 2013

Edith Stein descreve o seu encontro com o Acontecimento Real do Cristianismo


"Nos longos anos do tempo de preparação, seguramente ele - o elemento intelectual - exerceu forte influência. Mas cientemente decisivo foi o acontecimento real em mim (por favor, acontecimento real, não "sentimento"), mão na mão da figura concreta do cristianismo autêntico nos testemunhos eloquentes (Agostinho, Francisco, Teresa). Mas como irei descrever-lhe com algumas palavras uma imagem daquele "acontecimento real"? É um mundo infinito que se apresenta completamente novo, quando uma vez começou-se a viver para o íntimo em vez de viver para o exterior. Todas as realidades com as quais até então estava às voltas tornam-se transparentes, e começa-se a farejar forças verdadeiramente sustentadoras e motivadoras. Os conflitos com os quais se estava às voltas antes se tornam totalmente insignificantes. E que plenitude de vida não toma pulso no dia, exteriormente quase totalmente desprovido de acontecimentos, de uma existência humana individual, com sofrimento e bem-aventurança, como o mundo terreno não conhece e não pode conceber! E como nos sentimos estranhos quando nos encontramos juntos de pessoas que vêem apenas a superfície, vivendo como uma delas, sem que sequer suspeitem ou percebam que se tem tudo isso em si e ao redor de si."

Edith Stein, Carta a Roman Ingarden

O Mistério da Liberdade Pessoal


O eu é aquilo por meio do que, na alma, ela própria possui a si mesma e aquilo que nela se move como estando em seu "espaço" próprio. O ponto mais profundo é igualmente o lugar de sua liberdade: onde ele consegue reunir todo seu ser e decidir sobre ele. Decisões livres, de menor alcance, podem ser tomadas, em certo sentido, a partir de um ponto localizado "mais adiante na direção exterior", mas são decisões "superficiais": é um "acaso" quando a decisão se desdobra de acordo com a questão em causa; uma vez que é só no ponto mais profundo que se tem a possibilidade de medir tudo no parâmetro último; também não é uma decisão derradeiramente livre, pois quem não tem a si mesmo inteiramente sob controle tampouco poderá dispor verdadeira e livremente de si, mas "deixa-se determinar".

O homem é chamado para viver no imo de si e tomar as rédeas de si mesmo, como só é possível a partir daqui; só a partir daqui é possível um confronto e embate correto com o mundo; só a partir daqui poderá encontrar o lugar que foi pensado para ele; em tudo isso, ele jamais perpassa totalmente com o "olhar" seu íntimo.

É um mistério de Deus, que só Ele pode revelar, na medida em que lhe apraz. Apesar disso, seu íntimo é colocado em suas mãos; podendo dispor dele em liberdade plena, mas também com o dever de conservá-lo como um bem precioso que lhe foi colocado... O direito de decidir sobre si mesmo é uma tarefa da alma, o fato de o próprio Deus suspender sua atuação ali é o grande mistério da liberdade pessoal. Ele quer o domínio, sobre os espíritos criados, apenas como um livre presente do amor desses. Ele conhece os pensamentos do coração, perpassa com o olhar os fundamentos e abismos mais profundos da alma, para dentro dos quais a visão dela não penetra se não for iluminada por Deus de maneira própria. Mas Ele não quer tomar posse dela se ela própria não o quer pessoalmente. No entanto, ele faz tudo para ganhar a livre entrega da sua vontade, na vontade dela, como presente do amor, e poder conduzi-la assim para a união bem-aventurada.

Edith Stein, Teu coração deseja mais

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Valores autênticos


"Quem tem clareza do motivo pelo qual chama algo de belo ou de bom, de modo algum irá adotar simplesmente o posicionamento de outras pessoas. Para a distinção entre o que é autêntico ou inautêntico, é importante a confirmação na práxis. Os movimentos do ânimo são forças propulsivas que impulsionam para a ação. Quem realmente está entusiasmado pela arte, para fruir da arte, sentirá prazer em sacrificar sua comodidade. Quem possui um amor ao próximo autêntico, não conseguirá passar ao largo da premência porque passa seu próximo, sem participar e sem fazer alguma coisa. Onde não se vê esse tipo de ação, é preciso suspeitar que, por trás das palavras grandiloquentes, o que deve haver é apenas um deleitar-se em sentimentos e atitudes fantasiosos ou aparentes."

Edith Stein

domingo, 21 de abril de 2013

Ó Virgem Maria, dá-me um coração bom


Ó doce mãe Maria, dá-me um coração 
Cheio de vitalidade, aberto como o coração de teu filho, 
E transparente como as águas de uma fonte clara. 
Dá-me um coração nobre e corajoso, que não se aborrece, 
Nem sequer liga para as chateações sofridas; 
Um coração despreocupado que se doa alegremente; 
Um coração que conhece as fraquezas, 
E por isso as sente e as experimenta interiormente; 
Um coração profundo e agradecido, 
Que não faz descaso das coisas pequenas. 
Dá-me um coração suave e humilde, 
Que ama sem reivindicar amor em troca, 
Que, cheio de alegria, libera espaço 
Noutro coração para teu filho; 
Um coração nobre e vigoroso, 
Que não se abate nas decepções; 
Que não se dispersa e não se zanga; 
Que não se paralisa com as provações; 
Que na falta de atenção não perde a sintonia, 
Que na indiferença não se desencoraja. 
Dá-me, porém, um coração, 
Impulsionado pelo amor que tens por Jesus, 
Pelo desejo da maior honra e glória de Jesus 
E nisso não se detenha, 
Até alcançar o céu. Amém.

Edith Stein

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A ousadia do sinal da Cruz


"Quando fazemos o sinal da cruz, dizemos: "em nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo". Significa que aquilo que fazemos acontece como incumbência, e na força da Santíssima Trindade. De onde temos o direito a essa linguagem ousada inédita? Da força da sagrada cruz. Possuímos o direito de falar assim porque fomos remidos pela santa cruz, ela foi escolhida pela Santíssima Trindade desde a eternidade como instrumento da redenção, e no madeiro amplamente visível da da ignomínia foi fixado o peso do pecado da humanidade. Fazendo o sinal da cruz em nome da Trindade, prestamos honra à justiça divina e com ela proferimos o juízo de morte sobre nossa natureza pecadora (Hb 3,6). Nós somos a morada de Deus."

Edith Stein, Teu coração deseja mais.