quarta-feira, 24 de abril de 2013

O mal e a tentação


"Nenhum homem sabe quão mau ele é, até que ele tenha tentado de toda maneira ser bom. Uma idéia tola, mas muito atual é que as pessoas boas não conhecem o significado ou não passam por tentações. Isto é uma mentira óbvia. Só aqueles que tentam resistir à tentação, sabem quão forte ela é. Afinal de contas, você descobre a força do exército inimigo lutando contra ele, não cedendo a ele. Você descobre a força de um vento, tentando caminhar contra ele, não se deitando ao chão. Um homem que cede ante a tentação depois de cinco minutos, simplesmente não sabe o que teria acontecido se tivesse esperado uma hora. Esta é a razão pela qual as pessoas ruins, de certa forma, sabem muito pouco sobre sua maldade. Elas viveram uma vida abrigada por estarem sempre cedendo. Nós nunca descobrimos a força do impulso mal dentro de nós, até que nós tentamos lutar contra ele: e Cristo, porque Ele foi o único homem que nunca se rendeu a tentação, também é o único homem que conhece completamente o que tentação significa–o único realista no total sentido da palavra".

C. S. Lewis

Viver eucaristicamente


Há um longo caminho entre a satisfação pessoal de ser um "bom católico", que "cumpre com seu dever", lê um "bom jornal", "faz boas escolhas", etc., mas no mais faz o que lhe agrada, até chegar a uma vida nas mãos de Deus e a partir das mãos dele, na simplicidade da criança e na humildade do cobrador de impostos. Todavia, quem uma vez já trilhou o caminho não o fará novamente. Assim, a filiação divina significa: tornar-se pequeno, mas ao mesmo tempo tornar-se grande. Viver eucaristicamente significa sair perfeitamente da estreiteza da própria vida e crescer para dentro da amplidão da vida de Cristo. Quem procurar o Senhor em sua morada não vai querer vê-lo ocupar-se apenas conosco e com os nossos assuntos pessoais. Irá começar a interessar-se pelos assuntos do Senhor.

Edith Stein, teu coração deseja mais

O amor aos outros


Se Deus está em nós e se Ele é o amor, não pode ser diferente, não podemos deixar de amar os irmãos. Por isso, nosso amor ao ser humano é nosso amor a Deus. Mas é um amor diferente do que o amor natural humano, que se aplica a esse e àquele, com os quais estamos ligados com laços de sangue, ou pelo parentesco do caráter, ou por interesses comuns. Os outros são "estranhos" que "nada nos dizem", alguns inclusive nos são ofensivos, de modo que gostaríamos de tê-los o mais distante possível.

Para o cristão não existem pessoas "estranhas". Aquele que tenho diante de mim e que mais necessita, este é cada vez o meu próximo; não importando se ele é parente ou não, se "gostamos" ou não, se ele "valoriza moralmente" a ajuda ou não.

O amor de Cristo não conhece limites e não acaba jamais, não pestaneja frente ao que é feio e sujo. Ele veio por causa dos pecadores e não por causa dos justos. E se o amor de Cristo vive em nós, então fazemos como Ele fez e vamos atrás da ovelha perdida. 

O amor natural busca ter para si as pessoas amadas, e na medida do possível possuí-las só para si. Cristo veio para reconquistar a humanidade perdida para o Pai; e quem ama com seu amor busca conquistar as pessoas para Deus e não para si. Isso é certamente, também, o caminho seguro para possuir essas pessoas eternamente; pois quando conquistamos uma pessoa em Deus, então somos na visão dele um com ela, enquanto que a busca de apoderar-se  nos leva muitas vezes - mais cedo ou mais tarde, sempre - à perda. Isso pode ser aplicado tanto para a alma do outro como para a própria, e também para os bens exteriores: quem está angustiado por ganhar e reter, este perde. Quem entrega tudo em Deus, este ganha.

Fiat voluntas tua! Seja feita a tua vontade!

Edith Stein, teu coração deseja mais

terça-feira, 23 de abril de 2013

Edith Stein descreve o seu encontro com o Acontecimento Real do Cristianismo


"Nos longos anos do tempo de preparação, seguramente ele - o elemento intelectual - exerceu forte influência. Mas cientemente decisivo foi o acontecimento real em mim (por favor, acontecimento real, não "sentimento"), mão na mão da figura concreta do cristianismo autêntico nos testemunhos eloquentes (Agostinho, Francisco, Teresa). Mas como irei descrever-lhe com algumas palavras uma imagem daquele "acontecimento real"? É um mundo infinito que se apresenta completamente novo, quando uma vez começou-se a viver para o íntimo em vez de viver para o exterior. Todas as realidades com as quais até então estava às voltas tornam-se transparentes, e começa-se a farejar forças verdadeiramente sustentadoras e motivadoras. Os conflitos com os quais se estava às voltas antes se tornam totalmente insignificantes. E que plenitude de vida não toma pulso no dia, exteriormente quase totalmente desprovido de acontecimentos, de uma existência humana individual, com sofrimento e bem-aventurança, como o mundo terreno não conhece e não pode conceber! E como nos sentimos estranhos quando nos encontramos juntos de pessoas que vêem apenas a superfície, vivendo como uma delas, sem que sequer suspeitem ou percebam que se tem tudo isso em si e ao redor de si."

Edith Stein, Carta a Roman Ingarden

O Mistério da Liberdade Pessoal


O eu é aquilo por meio do que, na alma, ela própria possui a si mesma e aquilo que nela se move como estando em seu "espaço" próprio. O ponto mais profundo é igualmente o lugar de sua liberdade: onde ele consegue reunir todo seu ser e decidir sobre ele. Decisões livres, de menor alcance, podem ser tomadas, em certo sentido, a partir de um ponto localizado "mais adiante na direção exterior", mas são decisões "superficiais": é um "acaso" quando a decisão se desdobra de acordo com a questão em causa; uma vez que é só no ponto mais profundo que se tem a possibilidade de medir tudo no parâmetro último; também não é uma decisão derradeiramente livre, pois quem não tem a si mesmo inteiramente sob controle tampouco poderá dispor verdadeira e livremente de si, mas "deixa-se determinar".

O homem é chamado para viver no imo de si e tomar as rédeas de si mesmo, como só é possível a partir daqui; só a partir daqui é possível um confronto e embate correto com o mundo; só a partir daqui poderá encontrar o lugar que foi pensado para ele; em tudo isso, ele jamais perpassa totalmente com o "olhar" seu íntimo.

É um mistério de Deus, que só Ele pode revelar, na medida em que lhe apraz. Apesar disso, seu íntimo é colocado em suas mãos; podendo dispor dele em liberdade plena, mas também com o dever de conservá-lo como um bem precioso que lhe foi colocado... O direito de decidir sobre si mesmo é uma tarefa da alma, o fato de o próprio Deus suspender sua atuação ali é o grande mistério da liberdade pessoal. Ele quer o domínio, sobre os espíritos criados, apenas como um livre presente do amor desses. Ele conhece os pensamentos do coração, perpassa com o olhar os fundamentos e abismos mais profundos da alma, para dentro dos quais a visão dela não penetra se não for iluminada por Deus de maneira própria. Mas Ele não quer tomar posse dela se ela própria não o quer pessoalmente. No entanto, ele faz tudo para ganhar a livre entrega da sua vontade, na vontade dela, como presente do amor, e poder conduzi-la assim para a união bem-aventurada.

Edith Stein, Teu coração deseja mais

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Ryuichi Sakamoto



Valores autênticos


"Quem tem clareza do motivo pelo qual chama algo de belo ou de bom, de modo algum irá adotar simplesmente o posicionamento de outras pessoas. Para a distinção entre o que é autêntico ou inautêntico, é importante a confirmação na práxis. Os movimentos do ânimo são forças propulsivas que impulsionam para a ação. Quem realmente está entusiasmado pela arte, para fruir da arte, sentirá prazer em sacrificar sua comodidade. Quem possui um amor ao próximo autêntico, não conseguirá passar ao largo da premência porque passa seu próximo, sem participar e sem fazer alguma coisa. Onde não se vê esse tipo de ação, é preciso suspeitar que, por trás das palavras grandiloquentes, o que deve haver é apenas um deleitar-se em sentimentos e atitudes fantasiosos ou aparentes."

Edith Stein

domingo, 21 de abril de 2013

Ó Virgem Maria, dá-me um coração bom


Ó doce mãe Maria, dá-me um coração 
Cheio de vitalidade, aberto como o coração de teu filho, 
E transparente como as águas de uma fonte clara. 
Dá-me um coração nobre e corajoso, que não se aborrece, 
Nem sequer liga para as chateações sofridas; 
Um coração despreocupado que se doa alegremente; 
Um coração que conhece as fraquezas, 
E por isso as sente e as experimenta interiormente; 
Um coração profundo e agradecido, 
Que não faz descaso das coisas pequenas. 
Dá-me um coração suave e humilde, 
Que ama sem reivindicar amor em troca, 
Que, cheio de alegria, libera espaço 
Noutro coração para teu filho; 
Um coração nobre e vigoroso, 
Que não se abate nas decepções; 
Que não se dispersa e não se zanga; 
Que não se paralisa com as provações; 
Que na falta de atenção não perde a sintonia, 
Que na indiferença não se desencoraja. 
Dá-me, porém, um coração, 
Impulsionado pelo amor que tens por Jesus, 
Pelo desejo da maior honra e glória de Jesus 
E nisso não se detenha, 
Até alcançar o céu. Amém.

Edith Stein

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A ousadia do sinal da Cruz


"Quando fazemos o sinal da cruz, dizemos: "em nome do Pai e do Filho, e do Espírito Santo". Significa que aquilo que fazemos acontece como incumbência, e na força da Santíssima Trindade. De onde temos o direito a essa linguagem ousada inédita? Da força da sagrada cruz. Possuímos o direito de falar assim porque fomos remidos pela santa cruz, ela foi escolhida pela Santíssima Trindade desde a eternidade como instrumento da redenção, e no madeiro amplamente visível da da ignomínia foi fixado o peso do pecado da humanidade. Fazendo o sinal da cruz em nome da Trindade, prestamos honra à justiça divina e com ela proferimos o juízo de morte sobre nossa natureza pecadora (Hb 3,6). Nós somos a morada de Deus."

Edith Stein, Teu coração deseja mais.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Oração de Edith Stein - "que eu seja como se não fosse"


"Minha mãe, hoje já foi como um dia de despedida. Nos próximos dois dias devo estar ocupada com preparativos exteriores, e não poderei mais ficar completamente em silêncio junto a ti e contigo junto ao Senhor. Por isso, peço novamente a ti com todo o coração para que me ajudes a dispor-me para a hora do matrimônio. Sobretudo com um arrependimento ardoroso, para queimar em mim tudo que impeça minha união com o Senhor. Faze que, como tu, eu seja como se não fosse, que eu não tenha mais vida senão a vida de Jesus, que se esqueça de mim e saiba apenas dele. Sei que isso que falei e escrevi sobre a verdade me compromete com bastante rigor. Recorda-me sempre disso se por acaso eu escorregar e decair do verdadeiro ser para algo de aparente."

Sta Teresa Benedita da Cruz

Extirpar a pressa da alma


Vivemos hoje num ritmo frenético. O dia parece curto para tantas atividades, projetos, leituras, etc. E no meio desse furacão de coisas, nós pensamos que não há tempo para fazer tudo sem a devida pressa. A rapidez na execução dos trabalhos seria um modo de não perder tempo, de fazê-los com total objetividade e de aproveitar o máximo possível a demanda, pois também temos pressa de crescer e queremos gozar das benesses de tanta dedicação. 

Porém, isto é uma ilusão. Só é possível aproveitar o que fazemos e fazê-lo bem feito se nos detemos no momento em que tais atividades existem, isto é, no momento presente. A pressa, ao contrário, não é o deter-se no que se faz, mas, ao contrário, é uma espécie de fuga do que se faz, para que termine logo e então possamos ser liberados para a próxima atividade, com a suposição de que os efeitos de um trabalho bem feito nos acompanharão. Desse modo, a nossa atenção apenas toca superficialmente aquilo a que estamos cenicamente nos dedicando e concentra-se na expectativa de um futuro que ainda não existe. Assim, toda a nossa pressa e a nossa sede de crescimento ficam a repousar numa fantasia - o futuro - e que nunca deixa de ser tal, pois, tão logo o futuro nos chegue, a nossa expectativa já terá elegido um outro futuro. 

Assim, nunca aproveitamos o que fazemos. Nunca damos o tempo necessário para a meditação, para a reflexão de um texto e o entendimento das consequências de seus conceitos e a identificação das suas premissas, ou para o acompanhamento contemplativo de um trabalho. Viramos autômatos com a pretensão de uma educação profunda e vasta e de larga experiência pelo tanto de atividades que executamos.

É preciso, pois, retirar da alma esta tensão que nos puxa sempre para a zona do não existente que é este futuro preconcebido. Devemos nos ater ao presente e isto sem pressa. Respeitar o que fazemos é consagrar a nossa atenção àquilo, e a consagração é sempre um ato de separação: saber eleger o agora como o momento mais importante e o único em que podemos efetivamente agir. 

Os santos compreendiam bem isto e por este motivo operavam com máxima objetividade, ainda que a luz de sua perspectiva proviesse do amanhã da eternidade. Este amanhã, porém, diferente do nosso "futuro" é algo mais presente que o nosso presente e, por isso, dotado de uma existência tão densa que influi no nosso agora ao ponto de ressignificá-lo.

Dizia Sta Teresinha de Lisieux: "Para amar-Vos, oh meu Deus, tenho somente hoje". O ato da verdade, portanto, concentra-se no agora à luz da eternidade. A fuga desse agora, ao contrário, vem da soberba que esconde, na pressa febril, o desejo de abarcar dentro do seu poder toda a história pessoal, ao ponto de obter total controle dela, gozando maximamente dos seus bens, esquivando-se dos seus pesos e tudo isso autossuficientemente. Mesmo quando Deus é incluído como favor motivante desse processo, Ele tende a ser reduzido a mero pretexto, a figurante que será evocado pela nossa consciência quando for preciso se autojustificar.

O que existe é o presente e a nossa vida deve estar ancorada na realidade. Expurguemos a pressa da nossa alma e ponhamos a nossa atenção, de modo calmo e respeitoso, no agora. Isso não impossibilita o fazer projetos; ao contrário, se queremos que os nossos projetos tenham consistência, então devemos cuidar para que as suas bases sejam postas já hoje, porque, seja lá o que projetemos no futuro, isso somente se efetivará quando tornar-se presente. Dedicar-se, portanto, ao agora converte-se ironicamente na melhor forma de não perder tempo, o que é bastante óbvio já que é a pressa que nos faz desperdiçar os instantes nos quais efetivamente poderíamos fazer alguma coisa de modo mais completo e perfeito.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Aliócha não podia viver como antes

"Logo que se convenceu, após sérias reflexões, de que Deus e a imortalidade existem, disse a si mesmo, naturalmente: "Quero viver para a imortalidade, não admito compromissos". Igualmente, se tivesse concluído que não há Deus nem imortalidade, ter-se-ia tornado imediatamente ateu e socialista (porque o socialismo não é apenas a questão operária ou do quarto Estado, mas é sobretudo a questão do ateísmo, de sua encarnação contemporânea, a questão da torre de Babel, que se construiu sem Deus, não para atingir os céus da terra, mas para abaixar os céus até a terra). Parecia estranho e impossível a Aliócha viver como antes. Está dito: "Abandona tudo quanto tens e segue-me, se queres ser perfeito." Aliócha dizia a si mesmo: "Não posso dar em lugar de 'tudo' 2 rublos e em lugar de 'segue-me' ir somente à missa".

Os Irmãos Karamázovi

Conversa entre Fiódor e Aliócha

- Aqui, não há mulheres, mas duzentos monges. Jejuam conscientemente. Convenho... Hum! Com que então, queres fazer-te monge? Causas-me dó, Aliócha; na verdade, tinha-te criado afeição... Aliás, eis uma boa ocasião: reza por nós, pecadores de consciência sobrecarregada. Tenho muitas vezes perguntado a mim mesmo: quem rezará um dia por mim? Meu querido rapaz, sou totalmente ignorante a este respeito, talvez o saibas, não? Totalmente. Mas vês, malgrado minha estupidez, reflito por vezes; penso que os diabos me arrastarão com toda a certeza com seus ganchos, após a minha morte. E digo a mim mesmo: donde vêm esses ganchos? De que são? Onde os forjam? Será que eles possuem uma fábrica? Os religiosos, por exemplo, estão convencidos de que o inferno tem teto. Ora, tenho muita vontade de acreditar no inferno, mas sem teto, é mais delicado, mais iluminado, como entre os luteranos. No fundo, não será a mesma coisa, com ou sem teto? Eis a dificuldade! Ora, se não há teto, então não há ganchos. Mas seria incrível: quem me arrastaria então, com ganchos? Porque, se não me arrastarem, onde estaria a justiça neste mundo? Seria preciso inventar esses ganchos, especialmente para mim, para mim só. Se soubesses, Aliócha, que descarado sou eu!...

- Não há ganchos lá - declarou Aliócha, em voz baixa, olhando seriamente para seu pai.

- Ah! só há sombras de ganchos. Sei, sei. Era assim que um francês descrevia o inferno. J'ai vu l'ombre d'un cocher qui, avec l'ombre d'une brosse, frottait l'ombre d'un carrosse.* Donde sabes tu, meu caro, que não há ganchos? Uma vez entre os monges, mudarás de tom. Mas, afinal, parte, vai destrinçar a verdade e vem informar-me. Será mais fácil ir para o outro mundo sabendo o que lá se passa. Será mais conveniente para ti estar entre os monges do que em minha casa, velho bêbedo, com mulheres... se bem que estejas, como um anjo, acima de tudo isso. Talvez o mesmo aconteça lá e, se te deixo ir, é que conto com isso. Não és tolo. Teu ardor se extinguirá e voltarás curado. Quanto a mim, esperar-te-ei, porque sinto que és o único neste mundo que não me censurou, meu querido rapaz, não posso deixar de senti-lo!...

E pôs-se a choramingar.

*"Vi a sombra de um cocheiro que, com a sombra de uma escova, esfregava a sombra de uma carruagem." Versos tirados de uma paródia do Livro VI da Eneida pelos irmãos Perrault, em 1646.

DOSTOIEVSKI, Fiodor. Os irmãos Karamázovi. São Paulo: Abril Cultural, 1971. p.24-25.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Feliz Páscoa! Ele Ressuscitou!


Ele havia dito: "Agora estais tristes. Eu sinto a vossa tristeza. Mas hei de ver-vos outra vez e a vossa tristeza se converterá em alegria e ninguém vos tirará a vossa alegria".

E assim aconteceu. Depois dos graves e dolorosos dias de Penitência e de meditação dos Mistérios da Paixão, passamos por aquele hiato da ausência de Jesus e, enfim, eis que chegamos ao momento feliz de revê-Lo. Está novamente entre nós e já não há absolutamente nada que ameace esta Vida.
"Nem a morte, nem a provação, nem as alturas, nem as profundezas, nem as potestades...", diz São Paulo. O Cristo que ressuscitou já não morre mais. 

Alegremo-nos, pois, e n'Ele exultemos, pois este é o dia que o Senhor fez para nós. Permitamos que esta nova vida nos abarque e nos transfigure, também. Todo o nosso ser deve ser tocado, mudado e cristificado pelo ressuscitado. A morte foi vencida. É a vida, agora, que reinará para sempre. No entanto, esta vida não nos é imposta. Se nada pode nos ameaçar de perdê-la, ela pode ser recusada pela nossa própria vontade. Façamos o possível para a acolhermos. Sejamos generosos com ela e baixemos as nossas defesas. Estejamos com Nosso Senhor, delícia eterna e felicidade sem limites!

Feliz Páscoa!