"Não é brilho que deslumbre. É brancura suave, resplendor infuso que encanta a visa e não cansa. O mesmo digo da claridade em que se vê esta formosura tão divina. É luz tão diferente da que existe na terra, que a claridade do sol nos parece apagada, em comparação daquele fulgor esplêndido que se apresenta à nossa vista. Quem a viu uma vez não desejará mais abrir os olhos. É como contemplar uma água muito límpida que desliza sobre cristal refletindo o sol, e depois olhar outra muito turva correndo em dia de grande nevoeiro por cima da terra. Não é que se veja o sol, nem semelhança de luz solar. Em suma, é luz que mostra ser verdadeira, e a deste mundo é artificial. Luz que não conhece noite. Brilha sempre e nada a pode ofuscar.
Finalmente, é de tal sorte que, por grande inteligência que uma pessoa tivesse, não a poderia imaginar, esforçando-se todos os dias de sua vida. E Deus a apresenta tão subitamente à nossa vista, que nem há tempo para abrir os olhos se fosse preciso abri-los. Tanto faz estarem abertos como fechados, pois, quando o Senhor quer, vemos, ainda que não queiramos. Não há distração que o estorve, nem resistência possível, nem diligência, nem cuidado que o consiga."
Sta Teresa D'Avila, Livro da vida, Cap. 28, n.5.
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