O agnosticismo é uma posição que geralmente está relacionada a uma atitude de indiferença a Deus, pois afirma que este não poderia ser conhecido pela razão natural. Porém, estritamente, o agnosticismo se refere aos limites do conhecimento como um todo. Etimologicamente, o termo significa "não conhecimento" e diz que nós não podemos conhecer a realidade tal qual ela é. Conheceríamos somente os fenômenos, isto é, o nosso acesso à realidade seria dado a partir de um "como a realidade nos aparece". Kant, talvez o maior representante desta posição, afirmava que, quando conhecemos as coisas, aquilo que nos chega passa por um filtro feito pela nossa inteligência; é como uma síntese composta de algo da coisa e de algumas formas já presentes de antemão na nossa inteligência e sensibilidade, condições de possibilidade de qualquer conhecimento do mundo. A coisa em si, tal qual ela objetivamente, nos seria incognoscível.
Esta posição, porém, possui algumas contradições. A primeira é que afirmar que as coisas são incognoscíveis é, já, adjetivá-las, isto é, atribuir-lhes um predicado e isto só é possível de ser feito uma vez que conhecemos algo delas.
Outro problema: quando dizemos que não conhecemos como as coisas são, estamos afirmando que aquilo que dela percebemos difere daquilo que ela é. Porém, para fazer esta distinção, forçoso é que eu conheça, não somente o fenômeno, mas também a própria coisa. De outro modo, não posso absolutamente afirmar que o que percebo da coisa se distingue daquilo que ela é.
Um terceiro ponto é que, declarando que a inteligência não é capaz de conhecer as coisas, o agnóstico declara conhecer a natureza e os limites da inteligência, ou seja, ela é capaz de se conhecer a si mesma. É como dizer que ela conhece a sua impossibilidade de conhecer a coisa em si. Porém, ao conhecer esta suposta impossibilidade, ela afirma estar conhecendo uma coisa em si: a inteligência.