Em seu Symposium, Platão lembra a tradição de que corpo humano, e mesmo o corpo vivo pura e simplesmente, é como a metade de uma esfera; todas as nossas faculdades e movimentos dizem respeito e tendem a um centro perdido - que nós sentimos como 'diante' de nós -, mas recuperado simbolicamente, e indiretamente, na união sexual. Mas o resultado não é senão uma dolorosa renovação do drama: uma nova entrada do espírito na matéria. O sexo oposto é apenas um símbolo: o verdadeiro centro está oculto em nós mesmos, no coração-intelecto. A criatura reconhece algo do centro perdido em seu parceiro: o amor que daí resulta é como uma sombra longínqua do amor de Deus, e da beatitude intrínseca de Deus; é também uma sombra do conhecimento que queima as formas, e que une e liberta.
Frithjof Schuon, O homem e seu mundo