Amanhã estarei viajando... Vou a uma pousada, pertinho da praia, num tipo de "semi-férias". No fim do ano a coisa sai mais cara, e não temos condições para tal.. rs... Já é com aperto que nos decidimos fazer isto. Faremos algo que os amigos do Opus Dei chamam de "convívio". Pena irmos tão poucos, apenas cinco pessoas; iríamos seis, mas uma desistiu ainda ontem, devido a necessidades da Faculdade. Este mundo acadêmico tem seus profundos inconvenientes... Se estas ocasiões ainda fossem frequentes....
Bem.. Vou ver o mar.. Ah! o mar... Se eu pudesse viveria sempre pertinho. Alguns me chamarão de matuto (kkk) mas, mais matuto eu consideraria quem se pusesse indiferente diante de tal imensidão de beleza. Como não remetermo-nos, imediatamente, à grandeza e beleza do Criador? Se encantar-se com a majestade do mar é matutez, eu o sou com muito gosto.. kk... Pobres os que, pela proximidade e ordinariedade do contato, deixam de notar as belezas da vida...
Sempre me pareceu estranho que, embora o firmamento seja algo belíssimo e esteja sobre as nossas cabeças constantemente, tão poucos de nós paremos para observar-lhe. Eu sou encantado pelo céu, muito embora, admita, também passo tempos sem notar-lhe... Ah... A beleza está em todo canto... Outro dia, faltou energia à noite, e, de repente, abriu-se a nós um espetáculo no céu noturno: as estrelas se fizeram notar e me veio uma vontadezinha: "quem dera que todos os dias faltasse energia"... Porém, as luzes falsas, estas invenções das quais tanto nos gloriamos, nos ofuscam estas belezas. Não são assim as nossas vaidades? As nossas pretensões? Em nome destas coisas insignificantes deixamos de notar aquilo que é verdadeiramente belo..
Verei o mar, e não deixarei de admirar-lhe e sentir a maresia, e ouvir as ondas.. Mas buscarei fazer como o fazem as crianças: sem apego, sem querer roubar o momento ou intensificar o que, porventura, venha a sentir. Buscarei agir como pobre: nem quererei provocar nada, nem tampouco prolongar as sensações; serei como alguém que contempla uma rosa justamente onde ela está, sem cair na tentação de querer fazê-la sua... Tenho pra mim que a infância, por vezes, é tão querida porque nela vivemos, justamente, como pobres...
Há uma frase do Thomas Merton que muito me agradou quando a li pela primeira vez, e até hoje costuma me servir de norte em certas ocasiões: "tudo é teu, sob a condição de tudo te ser dado".. É justamente isto que permite uma atitude de leveza... irei de mãos vazias e voltarei assim também... Dessa forma, sem me apropriar de nada, poderei voar. Desde que nada desejo, tudo me é dado; autêntica teologia sanjuanista! Do contrário, diz o santo: "quanto mais procurei, com tanto menos me encontrei"...
Ah.. No lugar que vamos tem Santa Missa no domingo pela manhã... Que beleza..
Parece que Nosso Senhor é quem nos prepara esta viagem...
Que sirva, então, para mais O amar....
Fábio.