quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sobre a mística de trevas


"A experiência de identidade seria apenas a primeira tapa no caminho místico que, sem dúvida, poucos ultrapassariam, e, desse modo, esta experiência se converteria na verdadeira tentação da mística. Somente depois é que viria o estágio, muito mais doloroso, do desprendimento de si memso e a transição para a autêntica transcendência. Este estágio exigiria do homem a crucificação do abandono de si mesmo e a entrega ao arbítrio do que não tem lugar, onde já nada de terreno se sustenta, mas que agora é o que coloca o homem ante a verdadeira face de Deus, de maneira que, quando lhe é concedido penetrar nessa mística da escuridão e da fé, então considera a mística precedente da luz e da visão um pequeno prelúdio do que ele, sem vislumbrar a profundidade de Deus, havia tentado considerar anteriormente como último e total."

Joseph Ratzinger, Fé, Verdade e Tolerância, Cap.1, pg.38.

Um comentário:

Fábio Graa disse...

Neste post, só acho meio confusa a expressão "entrega ao arbítrio do que não tem lugar".

Mas no contexto da mística, da forma como o Papa fala neste livro, dá pra ter uma idéia.

É importante considerar que esta definição acima não se refere especificamente à mística católica, mas ao movimento místico como um todo. Claro que será possível observar algumas intesecções, pelo menos acidentais, entre a mística católica e outras vertentes.