terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Amor não é amado porque Maria não é amada


"O Amor não é amado", diria S. Francisco de Assis. São Luís Maria explicaria que isto se dá porque Ela, a Mãe do Amor, não é amada. Naturalmente, para amar algo, precisamos conhecer este algo. Somente o conhecemos quando com ele passamos tempo e o observamos. Quando fazemos isto, é natural que, dependendo da excelência do objeto observado, desperte-nos interiomente o desejo deste algo. Isto experienciamos diariamente. Devido à nossa desordem na afetividade, os meios que participam da excelência divina aparecem-nos, devido à sua imediatez e à nossa miopia, como fins, desejáveis em si mesmos... Tal é o caso em que, observando uma garota bela, o garoto arde em sua concupiscência, quando, ao contrário, aquela beleza participada deveria o elevar à Beleza em si, que é Deus.

Para amarmos o Filho, forçoso é amar a Mãe; para amá-la, necessário é conhecê-la e, para tal, passar tempo com ela... Este é o testemunho de inúmeros santos e, não obstante isto, quão pouco nos motivamos, vários de nós, a adentrar neste Mistério de Deus que é a Virgem. É Ela quem nos gera para a eternidade e quem nos ensina a amar o Verbo de Deus. Maria é, pois, necessária para a Salvação, não por si mesma, mas porque Deus assim o quis... O Altíssimo quis elevar aquela que, embora revestida de tão excelsas graças, fez-se humilde e pobre. Esta sua grandeza, porém, ainda discreta aos homens, só pode ser percebida quando lhe investimos nosso tempo... Se pararmos para observar Maria, pedindo que o próprio Deus abra os nossos olhos para os seus esplendores, veremos que graciosa é, acima das descrições dos santos e dos escritos dos poetas... Mais eloquente é o silêncio e, como escreveu S. Luís Maria, citando um outro santo: Hic taceat omnis lingua - Toda língua aqui emudeça.

Quando conheço a Mãe, passo a amá-la. É então que ela me apresenta o Filho e, conhecendo-O, O amo. É simples.... Dizia alguém que a distância menor entre dois pontos é a simplicidade. Maria é, ela mesma, a Simplicidade que traz nos braços o Infante Onipotente e Pobre. Para compreendermos o Mistério do Natal que se avizinha, devemos entrar naquela gruta, naquele escondimento onde Ela nos conduz à contemplação do Amor encarnado. É sempre ela quem nos mostra...

Agradeço, Senhor, porque começo a compreender...

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