quarta-feira, 12 de maio de 2010

A pobreza, caminho de alegria, tesouro escondido...


É impressionante como a soberba humana labuta contra a objetividade do sagrado. Uma vez que esta (a objetividade do sagrado) é admitida, o homem se verá necessariamente dependente, isto é, incluído num contexto que lhe ultrapassa, que lhe é anterior e que lhe evidencia, portanto, a nulidade valorativa de sua pretensão de auto-suficiência. É o "és como Deus" que é atacado na raiz.

É preciso, portanto, aderir ao "és em Deus". Nisto reside a alegria do homem e a sua natural realização. É a pobreza que, apagando o falso brilho do orgulho humano, abre o homem para a verdadeira luz de Cristo. E este caminho é tão suave, tão saboroso que não deixa de ser um mistério que o homem tanto resista.

Ser pobre implica desapegar-se dos próprios gostos e, muitas vezes, das próprias opiniões. Portanto, a pobreza cristã encerra um forte elemento negativo; contém o profundo significado do "nega-te a ti mesmo". Este elemento é o cerne de qualquer verdadeira conversão, é o "ódio a si mesmo" bem compreendido.

Mas esta negação se faz para que seja possível uma outra afirmação. Nego a mim mesmo para aderir a um Outro. Nesta adesão, está a compreensão da objetividade deste Outro, do qual me torno amigo. "Sereis meus amigos se cumprirdes o que vos mando". A pobreza prática torna-se, portanto, obediência. Este caminho é sublime. Desfaço-me dos meus torpes prazeres e das minhas alegrias egoístas para me abrir ao inifinito da verdadeira Alegria que me vem deste Outro. "Que a minha alegria esteja em vós e que a vossa alegria seja plena". Eis a "Vida em Plenitude" que se iniciou, porém, com uma espécie de morte, a morte para si mesmo. "Quem perder a sua vida por causa de Mim, ganhá-la-á" e "Se a semente não morrer, não produz fruto".

Eis, portanto, que os que aderem a esta suma verdade são os que conhecem a Vida. Não espanta, então, que alguém como Sto André, convidado por quem lhe maltratava a abandonar a fé, tenha respondido: "Ah... se conhecesses o mistério da Cruz". S. Paulo, tendo-o conhecido, escreveu: "tudo considero a preço de nada comparado a isto".

Eis, meus caros, o "tesouro escondido". Comprem-no... Desejem-no... Queiram-no... Invistam nisso.
E ouso usar as palavras de S. Luís Maria Grignion de Montfort: "Se o fizerem, bendirão, no dia de vossa morte, o dia em que me deram ouvidos".

Pax.

Fábio.

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