Foi uma experiência interessante essa de cantar representando a Igreja num evento em que se amontoavam vários protestantes. Considerei-o uma ousadia, e o fiz como quem luta. Estive atento às tentações que se insinuam nestes casos e que correspondem ao intento maçônico de uma comunidade sincrética em que os diversos sistemas se equivalem, à sombra de uma aparência de paz que é isenta de vida. Tal eu não poderia fazer, sob pena de desrespeitar a Verdade em que creio com tanta convicção.
E lá fui eu, observando que, por vocação, todos aqueles que erguiam suas vozes entre trejeitos muito característicos deveriam ser católicos. E as palmas e gritos escondiam uma realidade ao fundo, onde o projeto de Cristo mantinha-se nublado e reduzido a adesões emocionais e subjetivistas. Como decresceram o Evangelho! “Vede como são gelados”, afirmava S. Pedro Julião Eymard.
Mesmo os que moralmente se distinguem, vêem-se impedidos de um crescimento tão maior, pelo simples fato de seguirem algo sem alma, como que um simulacro do Corpo Místico de Cristo, este sim, vivente da vida de Deus.
O que fazer? Como retomar a catolicidade deste povo? Dizia o escritor inglês G. K. Chesterton, que a Igreja Católica é o lar natural do espírito humano. Se há catolicidade latente nestas almas, como instigá-la e despertá-la? É um desafio e de dois modos! O primeiro, de encontrar os meios para uma real conversão sobrenatural, isto é, para pôr todos estes sob o influxo objetivo da Graça que a nós se comunica através dos Sacramentos. Depois, é um desafio porque tal atitude, embora seja caridade, soa aos olhos modernos como arrogância e insuportável intolerância com a alteridade.
No entanto, ainda que a partir de um caricato, pude vislumbrar algo da alegria da qual todos partilharíamos se viesse a efetivar-se, de fato, uma real cristianização da sociedade. É um nobre ideal, e é algo pelo que se deve lutar. É esse o bom combate da Fé. No entanto, a escolha dos meios deve ser feita com muito critério. Peço a Deus que, enfim, todos sejamos um, na verdade e sobre a rocha.
Eu sei que estas atitudes minhas me atraem muita antipatia e me fazem, aos olhos de alguns, posar de fanático e bitolado. Eu não me importo. Como dizia Nosso Senhor, são estas as pérolas que nos enriquecem e é justamente a perseverança nesta lida o que testemunha que, de fato, Jesus é mas importante do que o nosso bem estar e a nossa imagem.
Mas ainda que eu saiba disso, confesso que algumas vezes é difícil (hoje menos que antes). O velho homem, em alguns momentos, quer se rebelar. Tem tempos em que a gente gostaria de um pouco mais de simpatia e de uma trégua na luta. A amizade é saborosa... e, por causa d'Ele, às vezes temos tão poucos.. rsrs.... É como dizia o profeta: "Seduziste-me e eu me deixei seduzir. Agora, por tua causa, todos estão contra mim". Mas os poucos amigos que, também por causa d'Ele, vamos encontrando no caminho compensam muito. Estes sim, são de fato, tesouros e fazem parte dos "cem vezes mais". Depois, eu já não saberia nem quereria viver de outro modo. E, acima de tudo, Cristo mesmo é o nosso consolo. Que triste é não ter esse Amigo! Que Ele nos fortaleça e conduza.
Deus nos abençoe e nos converta a todos. É uma honra lutar por Ele.
Um comentário:
Muito interessante essa sua visão amigo. abraços!!!
Nana
Postar um comentário