segunda-feira, 18 de julho de 2011

Conhecer a Jesus só é possível se Ele se revela


"Buscai o Senhor enquanto Ele se deixa encontrar" (Is 55,6)

Os que criticam a Nosso Senhor e lhe negam total adesão da vida, afirmando que talvez Ele não queira isso, pecam sempre por simplismo, seja já na interpretação da religião, seja também na suposição de conhecê-Lo bem, assim, simplesmente olhando de longe e fazendo breves meditações a respeito. Porém, Cristo não é um objeto inerte e pequeno que se consegue abarcar assim, de uma olhadela. É, primeiramente, Alguém que Se revela, quando encontra, no que O busca, as devidas disposições que são sempre o esvaziamento das próprias reservas e subtefúrgios para não aderir, como a radical sede de verdade. Depois, Nosso Senhor é inesgotável. Toda uma vida não será suficiente para conhecê-Lo em absoluto. Podemos, porém, começar a fazê-lo e, então, encontraremos tanta riqueza como sequer supúnhamos. Se dizemos que algo deve ser muito grande para sinceramente nos satisfazer de todo, Nosso Senhor torna nossa ressalva risível, porque Ele superabunda absolutamente e infinitamente o que esperamos que seja e, como se não bastasse, embora digamos que nossas exigências são altas, é Ele quem nos alarga ainda mais a alma para que possamos, sempre um pouco mais, fruir de Sua Majestade, aumentando-nos, para tal, a nossa capacidade de autêntica alegria.

Para conhecer a Nosso Senhor, não basta olhá-Lo, assim, de longe, e ensaiar uma tímida interpretação sobre o que Ele seja ou sobre o que d'Ele pensam os religiosos e espirituais. Querer conhecê-Lo sem abandonar-se e, portanto, sem expôr-se, é perpetuar a nossa desconfiança e manter os estreitos limites do nosso baixo horizonte. Se no amor humano, exige-se a total entrega, muito mais o será no amor divino. 

Para conhecê-Lo é preciso se deter n'Ele com a alma inteira, e passar tempo, e esfomear-se. Ele é como o Tesouro Escondido que não se revela se o homem não sai de sua casa. É preciso cavar, e é preciso cavar antes de que seja visto. Mas é como diz o Evangelho: "Se o homem o encontra, ainda que não tenha mais nada, é plenamente feliz". Outros olharão para este homem e o criticarão, rindo da sua pretensão de ter encontrado a Única pérola que realmente buscava. E dirão que são felizes com bijouterias.

É indigno buscar a Nosso Senhor sem abandonar, no processo, a si mesmo. 
"Aquele que põe a mão no arado e olha pra trás, não é digno de Mim".

Jesus é grande demais para caber num coração cheio de reservas. E, no entanto, é infinitamente paciente, e espera...



A Vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa Cruz sacrossanta descobertos:
Que para receber-me, estais abertos,
E, para não castigar-me, estais cravados.

A vós, olhos divinos eclipsados,
De tanto sangue e lágrimas cobertos,
Que, para perdoar-me, estais despertos.
E, por não devassar-me, estais fechados.

A vós, pregados pés, por não fugir-me,
A vós, cabeça baixa, por chamar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me;

A vós, lado patente, quero unir-me;
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme!

(Da "Floresta" do Pe. Manuel Bernardes)

Poesia tirada do blog Zelo Zelatus Sum

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