"Cuide de conservar o espírito de pobreza e desprezo de tudo; de outra forma, saiba V. Rev. que cairão em mil necessidades espirituais e temporais. Todas hão de contentar-se com Deus somente. Saibam que só haverão de provar e padecer as necessidades a que sujeitarem o coração: o pobre de espírito, vendo-se à míngua, está mais contente e alegre, porque pôs seu tudo em nada, em coisa alguma; e assim em tudo ele encontra largueza de coração. Feliz é esse nada, feliz esse esconderijo do coração: tem tanto poder que a tudo domina, sem nada querer sujeitar a si próprio e desfazendo-se de preocupações para poder arder em maior amor. As irmãs aproveitem-se dessas primícias de espírito que Deus concede nesse início, para retomar com muita renovação o caminho da perfeição em total humildade e desapego, interior e exterior, não com ânimo pueril, mas com vontade robusta. Sigam a mortificação e a penitência, querendo que Cristo lhes custe algo, e não sendo como os que buscam, em Deus, ou fora dele, seu próprio conforto e sossego; procurem o padecer em Deus e fora dele, por seu amor, no silêncio, na esperança e na lembrança amorosa..."
S. João da Cruz em Carta à priora do recém fundado convento de Córdoba.
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