"A poeira e as pedras da rua eram preciosas como ouro, os portões eram, inicialmente, o fim do mundo. As árvores verdes, quando as vi pela primeira vez, através de um dos portões, arrebataram-me e embeveceram-me... Os meninos e as meninas, aos pulos pela rua e brincando, eram como jóias em movimento. Não sabia se haviam nascido ou deviam morrer.
Todas as coisas pareciam eternas, como se estivessem nos lugares devidos. A eternidade era manifesta à luz do dia... As ruas eram minhas, o templo era meu, as pessoas eram minhas. O céu era meu, assim como o Sol, a Lua e as estrelas; todo o mundo era meu e eu era o seu único espectador e também o único a desfrutá-lo. Não sabia de propriedades incômodas nem de limites e divisas; todas as propriedades e divisas eram minhas, bem como todos os tesouros e seus possuidores. assim, com muita dificuldade me deixei corromper e aprendi os sujos artifícios deste mundo, que agora desaprendi para ser, por assim dizer, novamente uma criancinha de modo a poder entrar no reino de Deus".
Thomas Traherne, Centuries of Meditation.
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