quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ide a Deus pelo vosso nada


Por aqui o inverno, ainda bastante frio, se prepara para ceder lugar à primavera. Ano passado eu já saudava a chegada desta "prima", de quem tanto gosto. Por ora, porém, a proximidade cronológica não é denunciada pelas evidências naturais... Faz frio ainda.

E eu recordava algumas palavras do Thomas Merton que li há uns anos atrás: "Procurai a Deus na fome, na sede, na pobreza"... no frio, também, por que não? Resumindo, fazei a experiência de Deus a partir da vossa indigência. Constata, pela tua pequenez, a tua necessidade radical deste Outro que te criou e te sustenta para a tua santidade. Que a vossa pobreza sentida te torne livre para a recepção do vosso verdadeiro Amado.

Estes são ensinamentos que correm o risco de serem lidos com indiferença e estranhamento. Sobretudo hoje, em que se busca uma forma de espiritualidade que seja sempre agradável. Todas as mudanças modernas no campo da mística e da doutrina sempre têm algo em comum: tornar as coisas mais fáceis. Só que, tornadas mais fáceis, tornam-se também menos altas, mais medíocres. E, no final, estamos falando de uma via estreita  e íngreme e de uma porta apertada.

Estou, eu também, vivenciando uma nova fase na vida. E isto é um presente da misericórdia divina. É agora que posso fazer a experiência, um pouco mais radical, de vivenciar a pobreza que tanto amo, de ter as mãos vazias, de desapegar-me e buscar fazer a experiência da liberdade.

Eu só peço a Deus que não me deixe desperdiçar este dom que Ele me dá agora; almejo que Ele termine esta obra de Suas mãos. A santidade é, de fato, um horizonte constante. Sempre está lá... mas minhas pernas são muito mais habituadas às quedas. Haverá dia em que levantarei vôo? Eu o quereria muito...

A regra agora é: experimentar a Deus a partir da pobreza. Provar e ver como o Senhor é bom.

Fábio

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