Na linguagem humana, utilizamos símbolos. O símbolo é aquilo que aponta para um outro ao invés de falar de si mesmo. Pelo processo de abstração, formamos o conceito. Para expressá-lo verbalmente, recorremos, então, às palavras que são símbolos. A forma de expressão será tanto mais fiel quanto mais corresponder à idéia ou conceito que se quer expressar. E a idéia será tanto mais verdadeira quanto mais se adequar ao objeto real representado pela idéia.
Acontece que, para uma certa idéia, por vezes é possível utilizar-se não apenas um símbolo, mas vários. Esta possibilidade dá boa relatividade à expressão, e é isto o que permite uma multiplicidade de interpretações. É o que se dá, por exemplo, com frases conotativas. Podemos fazer, então, uma divisão em três classes de expressão: as inequívocas: aquelas que, quando utilizadas, não permitem senão uma única forma de compreensão; as equívocas: as que podem ser interpretadas de modos totalmente diferentes e, por isso, errados; e as análogas: em que se unem aspectos das duas precedentes: enquanto que o termo circunscreve de algum modo o limite hermenêutico da expressão, ele também lhe dá certa flexibilidade utilizando-se de termos não de todo unívocos, não de todo equívocos.
Esta tensão ou distância entre o signo ou símbolo e aquilo que ele quer mostrar é grandemente conhecida. S. João da Cruz se referia a ambos como "notícia" e "substância". Outra forma de tratar disso é pelas expressões significante - o que é usado como símbolo - e significado - o objeto representado.
Pois bem. Os equívocos, ambiguidades e coisas deste tipo se dão, ou pelo uso inadequado de expressões, ou pela não compreensão destas mesmas expressões em si ou num certo contexto. Acontece que esta imprecisão pode se dar propositalmente. Assim se faz, por exemplo, quando se quer afirmar algo importante, mas não há coragem o suficiente. A estratégia, então, consiste em fazer notar um objeto em particular, e ao mesmo tempo se reservar um certo conforto por, supostamente, não o ter revelado de todo. Isto se faz pela ambiguidade ou o uso de proposições análogas. O texto abaixo sobre o escuro, por exemplo, refere-se a algo particular, mas, aqui, o trato de forma bem genérica, de modo que, analogamente, ele pode se aplicar a situações diferentes.
Assim como as palavras são o símbolo mais frequente para se exprimir algo, elas não são o único. Isto quer dizer que o homem pode trazer, nas suas ações, uma dimensão semiótica. Quem tiver olhos, leia! :D
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