As coisas são bastante difíceis. Parece que nos é pedido lutar somente. Ainda bem que temos bons armamentos...
Hoje me deparei com a afirmação de Jesus no Evangelho: "Quando pedires alguma coisa, crede firmemente e sem duvidar no vosso coração que já recebestes o que pedistes, e assim será". Isto insere uma problemática. Se a coisa se resumisse ao que imediatamente se lê, quantos pedidos disparatados seriam atendidos? rs.. Talvez poucos, porque é raro encontrar alguém de uma fé firme. A nossa experiência cotidiana da dureza do nosso chão parece minar aquela nossa capacidade infantil do abandono. De modo que não é sem forças que readquirimos esta habilidade.
Mas a fala de Nosso Senhor parece contrastar, a princípio, com a afirmação do Apóstolo Paulo: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal". Paulo insere um novo elemento: é preciso pedir bem. E como se faz isto? Ele mesmo responde: "O Espírito rezará em vós". Ora, o Espírito é Deus e está em perfeita unidade com Jesus, que é Deus. Daqui depreende-se que é necessário ser um com Cristo para que se possa entrar neste conjunto e ser agraciado com a realização dos pedidos desta fé firme.
Ser um com Cristo. Ensinam os místicos e doutores da Igreja que isto se faz, sobretudo, pela união de vontades que mais não é senão querer o que Nosso Senhor quer e não querer o que Ele não quer. Aliás, esta é uma outra forma de vivenciar o que rezamos no Pai Nosso: "Seja feita a Vossa vontade..." É somente quando a nossa vontade é idêntica à vontade divina que podemos pedir e receber, pois Deus, sendo o Bem absoluto, não pode agir contrariamente à Sua vontade, pois isto significaria agir contrário ao bem, o que é um absurdo.
Como, porém, saber se estamos querendo o mesmo que Deus quer? A grosso modo, se queremos o bem podemos dizer que estamos em harmonia com o querer Divino. Mas o modo de se conseguir isto é que é algo mais minucioso. Os caminhos de Deus são mais fáceis de delinear, mas e as veredas? É o que Davi pede ao Senhor: "ensina-me os teus caminhos e as tuas veredas". Como saber?
Esta é uma questão difícil e que preocupou até mesmo grandes santos. Como saber se a via que por ora seguimos é autêntica e não é, ao contrário, uma projeção das nossas preferências? Um primeiro passo é identificar o caminho que, então, se quer seguir como um caminho autêntico na Igreja. Mas, e depois? Há tantos caminhos válidos... O reconhecimento dos próprios traços vocacionais e, até mesmo, dos próprios interesses é um norte, mas como evitar os excessos? Onde praticar a negação de si mesmo? Onde exatamente? Como estar seguro de que isto é o que Deus quer... Como? Como?
Se, do outro lado, Ele costumasse falar.. Mas não.. Silêncio...
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