quinta-feira, 14 de abril de 2011

Humildade e Inteligência

Filósofo Diógenes com sua lamparina procurando um homem de verdade.

Humildade é para os inteligentes.

Ora, se a humildade é a verdade, e a verdade é objeto do intelecto, então há uma clara ligação entre verdade e intelecto; ligação que, mesmo estando tão clara, inclusive no que constantemente escrevo sobre o assunto, veio me saltar aos olhos hoje, enquanto eu lia uma página do Thomas Merton. E que descoberta! Foi-me suficiente.

A humildade é inteligente; para ser humildes, devemos usar a inteligência. Vou transcrever exatamente o que li:

"De fato a feliz cooperação de nossa alma às graças infusas depende duma passividade que é sumamente humilde por ser inteligente. Afinal, se humildade é verdade, ela pressupõe uma inteligência sobrenaturalmente iluminada." (Thomas Merton, Sementes de Contemplação, grifos originais)

Pronto. Fiz a descoberta do dia! 

De hoje em diante, quando virmos alguém soberbo, seja um mestre ou doutor, apontemos divertidamente o indicador pra ele e digamos: "que burro!"

Fábio.

Um comentário:

Fábio Graa disse...

Uma coisa a esclarecer.

É óbvio que o Thomas Merton está falando de um contexto bem específico. Tratando da vida mística, mostra como certos níveis de humildade exigem uma inteligência sobrenaturalmente iluminada. O 'sobrenaturalmente' aí poderia servir como objeção, uma vez que só é sobrenatural pq está acima do natural, isto é, pq é concedido por Deus, donde um possível argumento de que não depende do sujeito e, portanto, não seria culpa sua não ser humilde.

É uma objeção falsa. E explico por que: Para ter acesso a este 'sobrenatural' exige-se da alma a sua disposição e generosidade, pelo que ela se torna responsável por chegar a este ponto de doação.

Depois, diz-se 'inteligência' justamente porque exige da alma esta sutileza que, uma vez empregada, é aperfeiçoada pela graça.

Terceiro, Se aqui o Thomas Merton fala de algo bastante específico, no entanto, a humildade não é, desde o início, sobrenatural. É óbvio que há uma humildade natural que, na verdade, é a mesma, mas de menor alcance. A relação que se faz, porém, entre inteligência e humildade não está limitada ao sobrenatural, mas existe como um todo.

Se ser humilde é ver a verdade, como disse Sta Teresa, então será também questão de inteligência, desde o início, ser humilde, uma vez que não precisamos adquirir um alcance místico para que possamos discernir a verdade.

Claro que há verdades que estão acima de nosso alcance. Mas há inúmeras verdades que nos são, desde já, acessíveis e a humildade segue este curso.

Claro que, se fôssemos desenvolver o tema, haveria de especificar de que verdade se está a falar, a fim de que alguém não se dispusesse a identificar humildade onde ela não há só pq viu o que julga ser uma demonstração inequívoca de inteligência. rs...