segunda-feira, 22 de abril de 2013

Valores autênticos


"Quem tem clareza do motivo pelo qual chama algo de belo ou de bom, de modo algum irá adotar simplesmente o posicionamento de outras pessoas. Para a distinção entre o que é autêntico ou inautêntico, é importante a confirmação na práxis. Os movimentos do ânimo são forças propulsivas que impulsionam para a ação. Quem realmente está entusiasmado pela arte, para fruir da arte, sentirá prazer em sacrificar sua comodidade. Quem possui um amor ao próximo autêntico, não conseguirá passar ao largo da premência porque passa seu próximo, sem participar e sem fazer alguma coisa. Onde não se vê esse tipo de ação, é preciso suspeitar que, por trás das palavras grandiloquentes, o que deve haver é apenas um deleitar-se em sentimentos e atitudes fantasiosos ou aparentes."

Edith Stein

2 comentários:

Magna disse...

Fábio, o que quer dizer essa frase, pois fiquei na dúvida.

"Quem realmente está entusiasmado pela arte, para fruir da arte, sentirá prazer em sacrificar sua comodidade"

Fábio Graa disse...

A Edith está dizendo que a distinção entre o valor real e o apenas aparente se dá na práxis, isto é, na sua aplicação concreta.

Deste modo, se alguém ama o belo artístico, isso demandará dele um certo esforço ou preço para que possa vir a apreciar o objeto de seu gozo. De nada vale dizer que gosto, por exemplo, de música clássica, se não faço o esforço para, na ocasião de algum concerto, estar presente, ou se nunca a ouço. Se nunca há um movimento meu em direção à conversão factual dos meus valores, então o que tenho não são exatamente valores, mas apenas um tipo fantasioso de ostentação.

Quem aprecia algo, saberá sacrificar sua comodidade por este algo. O amor sempre provoca um sair de si, isto é, sempre dispõe para algum sacrifício. A mera ostentação é precisamente o oposto: é a tentativa de posse de algo sem o devido esforço para tal.

Um outro tipo de deleite fantasioso é certo tipo de cristianismo puramente retórico, que se contenta em saber falar sobre, e em fruir de impressões subjetivas, mas que não se converte em prática.

É disso que a Edith está falando.

Abração, Magna.