segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O pobre deve ter as mãos vazias - Sobre algumas novidades atuais


O Natal está chegando e, com ele, tantas novidades...

De um lado, estou sem trabalho e sem uma clara perspectiva de onde ficar no próximo ano em vistas da Faculdade. De outro, tenho agora mais tempo livre, como se pudesse dar um intensivo naquilo que quero fazer e, para o ano, passando a semana fora, terei também maior possibilidade de dedicar-me à minha tão querida Filosofia. Como tenho dito, espero que este seja um período espartano!

Surge, também, de forma muito interessante, a probabilidade de eu ir a Roma em 2011; ver Sua Santidade Bento XVI e beijar-lhe a mão. Eu também poderia organizar-me para apresentar, lá, tipo um seminário sobre a liberdade, que é o tema do evento. Mas não tenho essa audácia toda não..rs.

Está bom demais poder estar na Cidade Eterna e ver, de perto, a Doce Sombra de Cristo na terra.

E é muito legal notar este jogo de novidades positivas e negativas (no sentido de deixar). E observando, agora, isto à luz do Natal que se aproxima, posso fazer algumas interprações gerais; na verdade, são mais analogias.

Jesus despojou-se e assumiu a nossa pobre condição. É a experiência da Kenose. E lá estava Ele, vestido em trapos, como o descreve S. Afonso, e deitado numa manjedoura numa fria noite, depois de ter sido recusada estadia para sua pobre família. E aquele pequeno era Deus.

Os pastorinhos, imediatamente depois de terem sido avisados pelos anjos, acorreram ao pequeno presépio. Enquanto isso, reis de terras distintas já rumavam para lá. Deixaram os seus confortos e suas belas vistas e foram àquele infante, trazendo consigo ainda alguns tesouros, mas não mais para ostentá-los ou comprazer-se com eles, mas para dá-los àquele Rei. Despojaram-se e encontraram o verdadeiro tesouro. Uns e outros, pastores e reis, tiveram que deixar suas ocupações e também suas suposições prévias sobre a natureza daquele Reino. Isto os dispôs para o feliz assombro de um Deus que se faz um de nós.

Também eu, agora, tenho me esvaziado de algumas coisas. Penso que isto se deva à providência do bom Deus que cuida dos seus. Para o ano, terei de transitar para um lugar que não me é familiar, deixando os confortos que até então me eram comuns. Esvazio-me e me ponho em viagem. Encontrarei eu, guiado por esta estrela que me arde no peito, que é Ele mesmo, algum tesouro lá? Ainda que isto seja possível e até provável, eu não deveria antecipar o que seria. Que mania esta nossa de querer prever tudo; de saber, de antemão, de todas as coisas; de não aceitar que certas realidades extrapolem o nosso alcance! Irei com coragem! Como Abraão que não exigiu a vista da terra prometida para sair da sua. Irei pensando no que disse Cristo: "felizes os que crêem sem ter visto" e ainda "nada temas, crê somente".

Depois de esvaziado, isto é, de ter experienciado algumas novidades "kenóticas", surge diante de mim a grande alegria de ir à sede da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Que alegria! Lá sim, encontrarei o mesmo tesouro que os Magos, que os pastorinhos. Sei que é Jesus quem lá verei. Mas sei também que não sei bem o que isto significa. Jesus é sempre diverso das nossas suposições. Nunca O esgotamos. E é sabendo disto que vou para lá vazio, aberto à sua eterna novidade, imitando a Sua discrição e compreendendo que o justo vive de fé, ainda que vez ou outra Nosso Senhor permita, na sua sabedoria, vislumbres daquelas paragens eternas.

E vou seguindo, aprendendo o que S. Paulo quis dizer ao escrever que "aquele que tem, viva como se não tivesse...". Ah, pobreza, como és bela! Não à toa o mais belo dos homens te desposou. Felizes os pobres, porque verão a Deus. Ai, porém, dos soberbos, daqueles que dizem, do meio de suas futilidades: "aqui não há lugar para Vós".

Ah... Dia 25 de março, estarei me tornando, enfim, escravo perpétuo da Virgem Santíssima. Que alegria a da santa pobreza!

Fábio.

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