quinta-feira, 29 de março de 2012

Formas equivocadas de responder ao amor

Thomas Merton

Existe um amor-próprio espiritual que envenena até o dom feito a outro. Como os bens espirituais são maiores do que os bens materiais, é-me possível amar com egoísmo no próprio ato em que me privo de coisas materiais em proveito de outros. Se a minha dádiva tem a intenção de prendê-lo a mim, sujeitá-lo a uma obrigação e exercer sobre a sua alma uma espécie de tirania oculta, então, ao amá-lo, é a mim só que estou realmente amando. E este é um egoísmo bem maior e mais insidioso, visto que trafica não com a carne e o sangue, mas com as almas das outras pessoas.

O ascetismo natural apresenta a este problema várias soluções insuficientes. Cada resposta encerra uma tentação escondida. A primeira é a tentação ao hedonismo de Eros: renegar-nos até ao justo limite que nos permita compartilhar um com o outro as delícias da vida. Admitimos um determinado egoísmo, e temos a impressão, assim agindo, de estar sendo realistas. A nossa abnegação é, no caso, a estritamente apta a prover-nos de um saudável incremento das nossas mútuas satisfações. Num mundo burguês, Eros sabe tomar a máscara da Caridade cristã.

Logo em seguida, vem a tentação de destruir-nos por amor de outrem. O único valor é o amor do outro. O sacrifício próprio é em si mesmo um valor absoluto. E o desejo do outro é também absoluto em si mesmo. Não importa o que deseja o amado, pois daremos a nossa vida ou mesmo a nossa alma, só para agradar-lhe. Este é o ascetismo de Eros, para quem é ponto de honra seguir o amado até mesmo ao inferno. Que sacrifício maior poderia alguém oferecer no altar do amor, do que o sacrifício da sua própria alma imortal? O heroísmo em tal sacrifício é medido precisamente pelo grau de loucura: ele será tanto maior, quanto mais trivial o motivo pelo qual é oferecido.

Outra tentação, no entanto, vai ao extremo oposto. Com Sartre ela diz: "L'enfer, c'est les autres" (O inferno, são os outros). Neste caso, é o amor mesmo que se torna a grande tentação e o grande pecado. E, por ser um pecado do qual não pode o responsável escapar, ele é também o inferno. Mas isso também é uma forma disfarçada de Eros - o Eros em solidão. É o amor que é mortalmente ferido por sua própria incapacidade de amar a outro, e que foge dos outros para não ter de dar-me a eles. Mesmo na sua solidão, este Eros é ainda mais torturado pela sua insaciável sede do outro, motivada não por causa deste, mas em vista da sua própria saciedade.

Todas essas respostas são insuficientes.

Thomas Merton, Homem Algum é Uma Ilha.

terça-feira, 27 de março de 2012

Ave Maria - Olga Szyrowa


Estamos nos aproximando da grande Semana Santa e, para bem vivê-la, é necessário que estejamos juntos à Virgem Santíssima. É nela que encontraremos o sustento para estarmos com Nosso Senhor, em sua Cruz. O Apóstolo João, o único que ficou com Ele no Calvário, alcançou tamanha fidelidade porque tinha ao seu lado a Mãe de Deus. Também nós, a fim de estarmos com Ele e O consolarmos na Sua dor, nos confiemos aos cuidados desta bondosa Mãe que, não obstante a Sua dor inimaginável, nos conforta e nos ajuda a contemplá-Lo no extremo do Seu amor.

Contemplemo-Lo e aprendamos que verdadeiramente ama quem doa a própria vida. É somente quem a perde, por Ele, que a encontra.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O Zen aplicado à arte da Espada


Eugen Herrigel

Ordenando e resumindo o conteúdo desse tratado, tentarei destacar, com minhas próprias palavras e da maneira mais clara e concisa possível, aquilo que há séculos se entende por arte da espada e o que, segundo a opinião unânime dos grandes mestres, se deve entender ainda hoje.

Em virtude de experiências instrutivas, experimentadas tanto por eles como pelos seus discípulos, os mestres da espada observam que sejam quais forem sua força, sua constituição e espírito combativo, sua coragem e intrepidez, o principiante perde, logo no início do aprendizado, toda a confiança em si mesmo e a sua despreocupada naturalidade. Porém, tão logo toma consciência do perigo que sua vida corre durante os combates, mostra-se capaz de concentrar sua atenção ao máximo, de vigiar o adversário atentamente, de aparar suas estocadas de acordo com as regras, de efetuar assaltos corretos. E no entanto encontra-se numa situação pior do que a anterior, quando golpeava à direita e à esquerda, sem nenhum método, ora a sério, ora brincando, segundo a inspiração do momento e o ardor bélico durante os exercícios.

O espadachim é obrigado, então, a admitir e a se resignar com o fato de que se encontra em condições de inferioridade diante de qualquer outro que seja mais forte, ágil e experimentado, e que estará impiedosamente exposto aos seus golpes certeiros. Para ele, não existe outro caminho que não seja o do exercício incansável, e mesmo o seu mestre não pode lhe aconselhar outra coisa. Assim, o aprendiz se esforça ao máximo para superar seus companheiros e até a si mesmo. Adquire uma fascinante técnica que lhe devolve parte da segurança perdida, e sente-se cada vez mais próximo da tão sonhada meta. O mestre, porém, não pensa o mesmo, e com toda razão Takuan nos adverte que a destreza do aprendiz pode apenas levar a que "seu coração seja arrebatado pela espada".

Por serem as mais apropriadas para o principiante, as primeiras lições não podem ser ministradas de outra maneira, embora o mestre saiba muito bem que elas não conduzem à meta final. É inevitável que o aprendiz, desde que se dedique com afinco e possua uma habilidade inata, se transforme em mestre. Mas por que razão aquele que há muito tempo aprendeu a não se arrebatar durante o ardor da luta, mantendo o sangue-frio e conservando suas forças, preparado que está para um combate de longa duração - e que por isso encontra poucos adversários à altura - pode, durante uma luta, se distrair e ficar paralisado?

Segundo Takuan, isso se deve ao fato de que ele observou o adversário com inquietação, permanecendo atento à sua maneira de manejar a espada, enquanto reflete sobre qual será o melhor modo e o momento mais indicado de atacá-lo. Durante a luta, recorre, enfim, a toda a sua arte e ciência. Assim procedendo, diz Takuan, perde a "presença do coração", e o habitual e decisivo golpe chega tarde, impedindo-o de fazer com que a espada do adversário "volte-se contra quem a empunha". Quanto mais ele fizer para que a superioridade da sua luta dependa da reflexão, da sua experiência e da tática, mais obstáculos ele criará para a livre mobilidade do "agir do coração".

Como é possível corrigir isso? Como se pode espiritualizar a habilidade? Como se converter o domínio soberano da técnica na arte magistral da espada? A resposta é: o discípulo só progredirá se se desprender de toda intenção e do seu próprio eu. Ele tem que atingir um estágio no qual se desprenda não só do adversário, mas de si mesmo. E tem que superar a etapa em que se encontra, deixando-a para trás, sob o risco de fracassar irreversivelmente. Isso não parece tão absurdo como a exigência, no tiro com arco, de se esquecer completamente da meta e da intenção de atingi-la?

Não nos esqueçamos de que a arte do espadachim, cuja essência é descrita por Takuan, provou sua eficácia na realidade de incontáveis combates. O mestre tem a responsabilidade de fazer com que o aluno descubra, não o caminho propriamente dito, mas as vias de acesso a esse caminho, que devem conduzir à meta última. Sua primeira providência será ensinar o discípulo a receber os golpes inesperados, despertando, para isso, os seus reflexos. Numa história deliciosa, D. T. Suzuki descreve o método extremamente original adotado por um mestre para cumprir uma tarefa tão difícil. O aprendiz tem que adquirir um novo sentido, ou melhor, uma nova presença de todos os seus sentidos que lhe permita se esquivar dos golpes do adversário, como se os pressentisse. Uma vez dominada essa arte de se esquivar, não mais terá necessidade de acompanhar atentamente os movimentos de um ou de vários inimigos em conjunto. No momento exato em que vê e pressente o que está por acontecer, já se esquivou dos seus efeitos, sem que haja a "espessura de um cabelo" entre a percepção do perigo e o ato de evitá-lo. É possível que a reação fulminante e imediata possa prescindir de toda observação consciente. Assim, nada impede que o discípulo consiga manter-se independente da intenção consciente, o que lhe será de grande valia.

Muito mais difícil - e realmente decisiva quanto ao resultado - é a etapa seguinte, que consiste em impedir que o aprendiz "reflita" sobre a melhor maneira de atacar o adversário, pois ele não deve nem pensar que o adversário existe e que se trata de uma questão de vida e morte. Não é difícil que o discípulo siga essas instruções, convencido de que para ter sucesso lhe bastará privar-se de observar o adversário e de refletir sobre tudo o que se relacionar com o seu comportamento. Propõe-se seriamente a se controlar, mas, assim fazendo, escapa-lhe o fato de que, concentrando-se em si mesmo, não pode ver-se senão como o lutador que deve abster-se de observar o adversário. Na realidade, ele continua a observá-lo secretamente, pois dele só se desprendeu na aparência.

O mestre deve recorrer aos mais sutis argumentos para convencer o discípulo de que ele nada ganha com essa transferência da atenção, devendo aprender a desprender-se de si mesmo tão decisivamente como de seu adversário e mergulhando na "não-intenção" de maneira radical. Exatamente como ocorre no tiro com arco, esses exercícios exigem uma grande dose de paciência e resignação diante de frequentes resultados infrutíferos, mas uma vez que sejam bem-sucedidos, desaparecerá o último vestígio da intenção e do empenho.

Nesse estado de desprendimento e de não-intencionalidade, surge espontaneamente uma atitude que oferece grande afinidade com a capacidade instintiva de se esquivar, alcançada na etapa anterior. Tal como nela existe uma distância imperceptível entre perceber o perigo e evitá-lo, não existe agora qualquer distância entre o gesto de se esquivar e o de atacar. No momento de evitar o golpe, o combatente já prepara o seu, e antes que o inimigo se dê conta, é atingido por uma estocada certeira e mortífera. Dir-se-á que a espada se maneja a si mesma, e da mesma maneira como se diz no tiro com arco que algo faz pontaria e acerta, também nesse caso o algo substitui o eu, valendo-se da aptidão e habilidade que o espadachim adquiriu como seu esforço consciente. E, também aqui, esse algo designa um poder que não se pode compreender e nem se impor à razão, pois só se revela a quem o haja experimentado.

De acordo com Takuan, a perfeição da arte da espada só é alcançada quando o coração do espadachim não for mais afetado por nenhum pensativo a respeito do "eu" e do "outro", do adversário e da sua espada, da sua própria espada e da sua maneira de usá-la e nem sequer sobre a vida e a morte. Diz Takuan: "Assim, tudo é um vazio: você mesmo, a espada que é brandida e os braços que a manejam. Até a idéia de vazio desaparece. Desse vazio absoluto desabrocha, maravilhosamente, o ato puro."

HERRIGEL, Eugen. A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen. São Paulo: Editora Pensamento, 1997. pp. 81-86.

quinta-feira, 22 de março de 2012

"Se os homens emudecerem, as pedras hão de clamar"


"Cego, alcançado em anos, muito velho, o Venerável Beda nem por isso deixava de pregar a Boa Nova, a palavra de Deus alvissareira. Ubiquamente, por cidades e aldeias, conduzido pelo guia fiel, vagava o santo, cego e encanecido, pregando, com todo o fogo e entusiasmo da mocidade, a palavra divina.

Um dia, o moço que o guiava levou-o a um vale deserto e rodeado de rochas alterosas e, por zombaria, mais do que por malícia, disse-lhe: "padre, eis que se ajuntou uma multidão imensa de pessoas, que querem ouvir a tua voz celeste."

O pobre cego, embora corcunda, ergueu-se, empertigando-se, procurou o seu texto, e sobre ele falou e o aplicou; exortou, aconselhou, repreendeu, e consolou, com tal unção e tamanho fervor que as lágrimas se lhe arrebentaram dos olhos, inundando-lhe em caudais as barbas brancas.

Quando, perorando, ele suplicava: "Pai do Céu, és Todo Poderoso, e reinas sobre tudo, glória a ti agora, e sempre, e por todos os séculos dos séculos, e por toda a eternidade", pelas quebradas repercutiram, unânimes, os ecos de milhares de vozes, conclamando: "Amém! Padre, amém! Amém!"

Tomado de horror e de remorso, o moço caiu de joelho aos pés do santo e confessou-lhe o seu pecado. "Filho", disse-lhe o santo ancião, "nunca leste então que, se os homens emudeceram, hão de as pedras clamar?... A palavra de Deus tem vida, é poderosa, e fere qual espada de dois gumes. E, se o coração humano duro e obstinado se faz empedernido, um coração de carne palpitará nas próprias pedras."

Brooks (Thomas ???) citado por Agrippino Griecco in: S. Francisco de Assis e a Poesia Cristã. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1967. p. 71-72.

Ainda que um passarinho tombe, o sol, a primavera e a liberdade continuarão


"Arranca-me os olhos, mas, depois de arrancá-los, vê se podes arrancar também o Sol do céu. Lança-me numa prisão e dá volta à chave: há de sempre vencer a liberdade, que não morrerá comigo. Algema-me estas mãos que manejam a pena - a pena, que é o gládio mais temido por bandidos: há-de outra mão, há-de outra pena renovar a luta, enquanto palpite por Deus e para a Vida um coração. Emudeçam, embora, meus lábios selados na escuridão do túmulo: entre dez mil vozes que ficam a trovejar altíssonas, que falta lhes poderá fazer a minha? Certamente pensas que a Primavera morre e lhe morrem a luz, o canto, a seiva e a força, tão só porque tuas mãos estúpidas conseguiram estrangular um pobre rouxinol..."

Pe. Tyrrel



Ps.: Não recomendo, de forma nenhuma, a leitura deste padre modernista que terminou excomungado. Ponho este trecho dele aqui por causa da sua beleza e verdade, seguindo a máxima de Sto Tomás de Aquino, que é a de reconhecer a verdade e o bem onde quer que eles se apresentem, independentemente de por quem eles se mostrem.

quarta-feira, 21 de março de 2012

As ignomínias e afrontas por meu Cristo e por minha religião são presentes


"Las cárceles, los trabajos, las persecuciones, los tormentos, las ignominias y afrentas por mim Cristo y por mi religión, son regalos e mercedes para mi... cruz busquemos, cruz deseemos, trabajos abracemos!"

Sta Teresa D'Avila

sábado, 17 de março de 2012

Deus meu, não demores

Agora vemos confusamente; mas, então, o que é sombra dará lugar à luz e o erro de dissipará diante da verdade


Tudo o que for confuso, tudo o que estiver nublado, obscuro; tudo o que sobreviver sob falsas aparências, todo equívoco e engano, toda afetação, hipocrisia, dissimulação e duplicidade, toda calúnia e difamação, toda mentira, todo disfarce, toda suposição errada, tudo isso tem os seus dias contados.

"Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma"
"Naquele dia, o que se falou aos ouvidos será gritado em cima dos telhados"
"Nada há de oculto que não venha, naquele dia, a ser descoberto".

Os mentirosos serão surpreendidos; deles somente se ouvirá o grito desesperado voltado às montanhas: "caiam sobre nós e nos escondam da ira da Verdade".

Que assim seja. E que seja com força, a força infinita do braço divino e de sua santa e justíssima indignação.

domingo, 11 de março de 2012

O Sinal da Cruz


‎"O Sinal da Cruz é a armadura invencível dos Cristãos. Esta armadura que te não falte ó Soldado de Cristo, nem de dia nem de noite, nem um instante, seja qual for o lugar em que te aches. Quer durmas, quer vigies, quer trabalhes, quer comas, quer bebas, quer navegues, quer atravesses rios, sempre andarás revestido desta couraça. Orna e protege teus membros com este Sinal vencedor e nada te poderá fazer mal. Contra as setas do inimigo, não há escudo mais poderoso. A vista deste Sinal, trêmulas e aterradas fugirão as potências infernais."

(São João Crisóstomo)

Salomão e as Duas Mães


Vieram duas prostitutas apresentar-se ao rei. Uma delas disse: "Ouve, meu senhor: Esta mulher e eu habitamos na mesma casa, e eu dei à luz junto dela no mesmo aposento. Três dias depois, deu também ela à luz. Ora, nós vivemos juntas, e não havia nenhum estranho conosco nessa casa, pois somente nós duas estávamos ali. Durante a noite morreu o filho dessa mulher, porque o abafou enquanto dormia. Levantou-se ela então, no meio da noite, e enquanto a tua serva dormia, tomou o meu filho que estava junto de mim e o deitou em seu seio, deixando no  meu o seu filho morto. Quanto me levantei pela manhã para amamentar o meu filho, encontrei-o morto; mas, examinando-o atentamente à luz, verifiquei que não era o filho que eu dera à luz." - "É mentira! replicou a outra mulher, o que está vivo é meu filho; o teu é que morreu." A primeira contestou: "Não é assim; o teu filho é o que morreu, o que está vivo é o meu." E assim disputavam diante do rei.

O rei disse então: "Tu dizes: é o meu filho que está vivo, e o teu é o que morreu; e tu replicas: não é assim; é o teu filho que morreu, e o meu é o que está vivo. Vejamos, continuou o rei; trazei-me uma espada." Trouxeram ao rei uma espada. "Cortai pelo meio o menino vivo, disse ele, e dai metade a uma e metade à outra." Mas a mulher, mão do filho vivo, sentiu suas entranhas enternecerem-se e disse ao rei: "Rogo-te, meu senhor, que dês a ela o menino vivo; não o mateis"; a outra, porém, dizia: "Ele não será nem teu, nem meu; será dividido!" Então o rei pronunciou o seu julgamento: "Dai, disse ele, o menino vivo a essa mulher; não o mateis, pois é ela a sua mãe". (I Re 3,16-27)

**

1- O menino morreu porque não lhe deixaram respirar.
2- As duas mães, embora tão diferentes, viviam juntas.
3- A mãe ruim matou o próprio filho ao invés de cuidá-lo e, em seguida, raptou o que ainda tinha vida.
4- A mãe ruim utiliza-se de subtefúrgios, pretextos e falsas razões.
5- A mãe ruim contenta-se com a morte dos meninos.
6- A verdadeira mãe - assim como qualquer um que ame qualquer coisa - preza pela inteireza daquilo que ama, preferindo que a criança viva, mesmo que seja sem ela. 
7- A disputa só foi resolvida diante do Rei.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A prisão do egoísmo e a alegria da liberdade



‎"O Espírito Santo é um espírito de alegria, porque nos sentimos felizes quando vemos cair as nossas cadeias. A maior tristeza do homem é a de sentir-se preso numa prisão que se não pode abrir porque tem o nome de egoísmo; é nele que o homem está fechado. Mas cada ato de obediência, de humildade, de caridade, liberta-lhe o coração e sentimos que ressoa ao céu, como o esvoaçar de uma ave cuja gaiola acaba de ser aberta."
(Por um cartuxo anônimo) 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Oração do Meio Dia


Na mesma hora em que Jesus, o Cristo, 
sofreu a sede, sobre a cruz pregado, 
conceda a sede de justiça e graça 
a quem celebra o seu louvor sagrado. 

Ao mesmo tempo ele nos seja a fome 
e o Pão divino que a Si mesmo dá; 
seja o pecado para nós fastio, 
só no bem possa o nosso gozo estar. 

A unção viva do divino Espírito 
impregne a mente dos que cantam salmos; 
toda frieza do seu peito afaste, 
no coração ponha desejos calmos, 

Ao Pai e ao Cristo suplicamos graça, 
com seu Espírito, eterno Bem; 
Trindade Santa, protegei o orante, 
guardai o povo em caridade. Amém.

Via Frei Rojão.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Abandono e Felicidade



"A nossa infelicidade pende apenas por um fio e este fio somos nós mesmos que o seguramos: não nos queremos libertar. Ceder a Deus no que Ele pede, totalmente, radicalmente, pronunciar um Amen sem reservas, seria a libertação. Há um provérbio que diz: onde nada há, o rei perde seus direitos. Da mesma maneira, o Príncipe deste mundo não tem poder sobre aquele que consente em ser reduzido ao nada; os demônios do orgulho, da impaciência, do ciúme não o cercarão mais, porque abandonou já tudo o que estas potências poderiam cobiçar."
(Por um cartuxo anônimo)

Fonte: A Grande Guerra