Os Magos viram-no: era uma criancinha que nada dizia. Quais foram os seus motivos de credibilidade? E o que era essa estrela que lhes tinha dado o sinal de partida? Simeão, o velho, viu. E quando o Menino chegou ao templo, levado por sua mãe, Simeão não disse: "Esperai que eu consulte os meus autores". Acreditou e cantou a sua alegria.
Há em Jesus uma luz, mas nem todos a vêem. Essa luz, como a que revela a Deus na Natureza, fala ao espírito, inflama o coração e faz palpitar. Mas é preciso ver.
Está sempre em Jesus. No momento em que, vencido, morria sobre a cruz, ensanguentado, desfeito, escarnecido e aparentemente impotente, o que é que vê o bom ladrão que lhe faça dizer: "Senhor, lembrai-vos de mim quando tiverdes entrado no vosso reino"?
Nenhum ato de fé será, talvez, mais emocionante e mais perfeito que esse, no momento em que tudo o que era humano abandonava Jesus, em que já se não vê nele nada mais que possa seduzir ou arrastar, nada mais, seguramente, que dê impressão de poder. O Mestre desapareceu, já resta só a Vítima. Os Apóstolos pensam assim e fugiram. Mas não, há uma testemunha. "Senhor", diz ele. Ouvis? Ele diz "Senhor". "Senhor, lembrai-vos de mim quando tiverdes entrado no vosso reino." É de reino que ele fala, e eles estão lado a lado, agonizando juntos, e é Jesus o mais desfeito.
Pe Jacques Leclercq, Diálogo do homem e de Deus.
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