terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Relendo Thomas Merton e reaprendendo verdades essenciais


Como se pode perceber pelas recentes postagens neste blog, e também no do Anjos, tenho retomado a leitura do Sementes de Contemplação, do Thomas Merton. Este livro, pra mim, foi um marco; ele que me introduziu nos horizontes mais largos da literatura e da espiritualidade monástica. Dizendo assim, parece que se trata de algo muito restrito, mas não. Eu diria, então, que o livro mostra dimensões mais profundas, mais simples e mais claras - se bem que o símbolo das trevas seja corrente - da vida espiritual.

Relendo-o, agora, tenho notado muita coisa. Da primeira vez que o li, o livro foi realmente impactante, mas eu não fazia idéia de que era tão bom. O Thomas Merton, depois de uma fase de desilusão da minha parte, subiu novamente no meu conceito, pelo menos com relação a estes escritos um pouco mais antigos dele.

Paralelo a isto, estive lendo o livro dele entitulado Zen e as Aves de Rapina e, aí, embora se trate de uma exposição do zen como prática supra-cultural, não necessariamente vinculada ao budismo, o Thomas Merton parece afoito demais em defender aqueles princípios, às vezes, no mínimo estranhos e contraditórios. A defesa que se dá ali, e que não deixa de ser confortável, é que a compreensão do que seja o zen deve ser pré-racional, uma coisa bastante intuitiva, quase ao modo da abstenção de juízo da fenomenologia do Russerl.

Neste livro, o Thomas Merton parece simpático demais a teorias como, por exemplo, a de Mestre Eckhart que, como sabemos, foi uma doutrina problemática embora, óbvio, não possamos a criticar de todo. Estas condenações de conjunto geralmente se dão por parte de quem não se deu ao trabalho de ler sequer uma página do autor. Embora dêem a aparência de uma atitude consequente da análise, em geral são produto de uma credulidade ingênua na opinião de um outro comentador.

Ainda assim, eu, particularmente, considero este último livro problemático. Não o considero um livro fácil, mas posso adiantar que há problemas nele. Ainda não o terminei.

Mas, voltando ao Sementes de Contemplação, que riqueza, que profundidade! Isto só me mostra como a fidelidade às fontes cristãs, não com abstração birrenta de todo o resto, é suficiente para se alcançar grandes profundidades. Este livro acentua, ainda, a mística sanjuanista, da qual sou adepto de carteirinha, visto que tenho S. João da Cruz como um pai.

Mas basta dizer que o livro está me mostrando coisas muito interessantes; retirando alguns equívocos, reforçando aspectos essenciais de que não devo me esquivar. Recomendo-o vivamente. 

O problema é que, dentre estes livros, alguns são relativamente raros. Sei que há uma circulação bem maior do livro entitulado "Novas Sementes de Contemplação" do mesmo autor. Mas nunca cheguei a ler este, pelo que nada posso afirmar sobre ele. Mas fica a dica.

Vez ou outra, manterei fazendo algumas transcrições do livro neste blog ou no outro. É de uma riqueza imensa.

Fábio

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