terça-feira, 8 de novembro de 2011

Um pequeno fio e... eis o céu


Esse final de semana, participei de um retiro e, num determinado momento, foram-me dadas algumas folhas sendo que, numa delas, havia a já tão conhecida estória do alpinista que, despencando de um alto monte, fica preso somente pela corda que lhe sustenta pela cintura. Aconselhado por Deus para cortar a corda, ele recusa; prefere acreditar no seu próprio medo - ou seu apego à vida - e não corta. No outro dia, o encontram morto, a apenas 20 centímetros do chão. É interessante como estas estorinhas, por mais bobas que sejam, refletem sempre - ou quase - grandes verdades. Neste caso, vemos claramente a bobice que foi acreditar que o real correspondia exatamente às próprias suposições motivadas pelo medo e pelo apego que se recusou renunciar. 

Embora me fosse uma história bem conhecida, fiz questão de a ler inteira. No final, havia uma pergunta:

"E você, que tão seguro você está da sua corda? Por que você não a solta?"

Lembrei-me logo de S. João da Cruz, o santo que nos recomenda um rigoroso desapego de tudo e nos diz que, às vezes, o que nos prende é um simples fio, fino, fácil de quebrar, mas suficiente para nos impedir de voar. E o santo, sem gracejos, recomenda parti-lo sem dó.

Sim, é o que farei.

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