Nos últimos dias 20 e 21 deste mês, estive em Maceió, no colégio Marista, próximo ao Seminário Nossa Senhora dos Prazeres, por ocasião da Assembléia Arquidiocesana para a primeira avaliação do Projeto de Evangelização 2009-2012.
Contamos, nesta ocasião, com a presença do senhor bispo Dom Antônio Muniz, juntamente com diversos sacerdotes responsáveis pelas diversas paróquias distribuídas pelo território alagoano. Também estavam presentes coordenadores e representantes de vários movimentos e pastorais.
A coisa lá andou meio esquisita. Embora se falasse de Fé, de Igreja, de Deus, a impressão é que o assunto era abordado apenas em pontos periféricos, acidentais, superficiais. Não se foi ao centro da questão. Falou-se de santidade, mas não se explicou o que isso significava. Talvez se assumiu como pressuposto que todos deveriam saber do que se tratava. Os discursos começavam a pender sempre mais para o lado social, o que a princípio não é um mal, desde que se ponha isto no seu devido lugar. Mesmo o Concílio Vaticano II, que certos sofistas afirmam defender integralmente, ainda que à sua maneira, afirma claramente que a ação se submete à contemplação....
Algo, porém, que achei interessante foi ver que o ecumenismo, entendido como sincretismo, ainda não adentrou naquele ambiente. Ouvi sérias críticas a personalidades protestantes, tais como RR Soares, Silas Malafaia, e outros gurus midiáticos que andam a celebrar as sessões de "descarrego" dos bolsos dos incautos. Outro movimento também, seriamente espetado, foi a RCC, a partir de uma alusão claríssima à prática do "Repouso no Espírito", comum a este grupo. Importante ressaltar que lá estavam carismáticos, inclusive membros de Comunidades de Vida.
Um outro ponto interessante aconteceu já próximo ao final do evento; um membro da "Pastoral da Terra", movimento particularmente afeto à ideologia comunista e que traz a fama de baderneiro, pôs-se a solicitar que a Igreja de Maceió providenciasse uma séria formação dentro da Doutrina Social da Igreja. Recomendava ele que se contratasse algum perito nesta área e que pudesse passar o assunto de forma acessível. Não sei se o rapaz sabe, mas a diferença entre a Doutrina Social da Igreja e a ideologia marxista é gritante...
Sinto dizer que os pontos positivos terminam assim. Poderia também citar a disponibilidade de todas aquelas pessoas, mas isto se daria de uma forma ou de outra. Muitos ali, creio, são sinceros, mas ainda não têm uma formação sistemática sobre a crise da Igreja e sobre certas nocividades que a ferem por dentro.
A citação de Dom Helder Câmara era constante. Lá se encontravam cds e livros sobre o dito "bispo da paz". Até mesmo um video contendo uma mensagem com a sua voz, na qual ele chama Nossa Senhora pelo estranho nome de "Mariama", fez-se ouvir no auditório onde estávamos reunidos.
A saudação do "Axé" também apareceu pelo menos umas duas vezes, acompanhada de uma breve crítica do bispo aos que se desagradam destes termos, onde ele afirmava que a terminologia deve se adaptar. Fazia referência também ao termo "Deus mãe". Além destas, outras expressões de cunho africano, até pela data em que ocorria o encontro, estiveram presentes em algumas músicas, dentre as quais posso citar a "negro nabor" ou algo assim, que particularmente não sei do que se trata.
No domingo, pela manhã, houve Santa Missa. As músicas eram cantadas no ritmo do forró, numa tentativa desastrada de fazer inculturação, caindo, feiamente, num regionalismo, desprezando a determinação litúrgica, presente mesmo na Sacrosantum Concilium, que trata da universalidade das formas como requisito da verdadeira música litúrgica, sendo o canto gregoriano o exemplo perfeito desta prescrição.
Muito embora a letra do "Glória" fosse litúrgica, o que é raro acontecer, a do "Santo" não o foi. A do "Ato Penitencial", então, nem se fala. Mais triste ainda, porém, foi ver que no momento da Consagração, apenas cerca de 10% das pessoas alí presentes se ajoelharam, e os músicos sequer estavam voltados para o altar. Havemos de convir ainda que os que ali se faziam presentes se pretendiam pessoas "de caminhada"; muito estranho e triste.... Talvez me chamassem de formalista, de rubricista, mas não fui eu quem prescreveu o ato de ajoelhar-se neste momento santo, foi a Igreja. Também não fui eu quem disse que a adoração a Deus é um ato de todo o ser, inclusive também do corpo, foi o Santo Padre Bento XVI.
Outra coisa que me preocupou foi o material do Cálice. Não sei se vi direito, eu estava longe; mas parecia-me que era feito de vidro.. Fiquei na dúvida... Espero sinceramente que não, pois é outra determinação claríssima da Santa Igreja que os materiais destinados a conter o adorável Corpo e o adorável Sangue de Nosso Senhor sejam nobres, e isto é inegociável...
Houve ainda um diácono que vi a criticar o feliz hábito da confissão semanal. Falava indignado, que isto era brincar com o Sacramento, e não conversava com desavisados, mas com padres e leigos representantes de suas respectivas paróquias.
Enfim, pontos positivos, houve. Mas, parece que os pontos negativos se sobressaíram...
Lá estiveram muitos padres; nenhuma menção, porém, sobre a necessidade da confissão, sobre a realidade do pecado mortal, sobre a necessidade do estado de Graça, sobre a oração do terço. Ouvi, é verdade, uma breve recomendação da vida sacramental e outra mais enfática sobre a necessidade da oração, mas a coisa ficou por demais solta... Tenho saldades dos discursos a respeito das virtudes teologais, das virtudes cardeais, das práticas devocionais, dos gestos anagógicos.. coisa que só vejo nos livros e só escuto nas conversas com os amigos.
Mas talvez eu esperasse coisa até pior...
Só peço a Nosso Senhor que proteja a Sua Igreja de todo erro, e, humildemente, solicito a interceção de S. Pio X e de S. Pio de Pietrelcina, que tanto amaram a Igreja, para que, de fato, Deus prevaleça, já agora, contra os Seus inimigos.
Fábio.
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