Lúcia seguiu o Leão pelo corredor e viu de repente, vindo na direção deles, um homem idoso, descalço e de túnica vermelha. Coroava-lhe o cabelo branco uma grinalda de folhas de carvalho, a barba chegava-lhe à cintura, e ele apoiava-se num bastão todo trabalhado. Fez uma referência profunda ao ver Aslam e disse:
- Bem-vindo à mais humilde das casas, senhor.
- Está aborrecido, Coriakin, por ter de governar uns súditos tão apalermados como os que lhe dei?
- Não - respondeu o mágico. - São de fato muito estúpidos, mas não são perigosos. Já estou até gostando deles. Algumas vezes perco um pouco a paciência, esperando o dia em que poderão ser governados pela sabedoria e não por esta magia rudimentar.
- Tudo a seu tempo, Coriakin - disse Aslam.
- Vai aparecer para eles? - perguntou o ancião.
- Não - disse o leão com um rugido, que queria dizer (pensou Lúcia) o mesmo que uma risada. - Ficariam assustados demais. Muitas estrelas envelhecerão e virão descansar nas ilhas antes que o seu povo esteja amadurecido para isso.
C.S. Lewis, As Crônicas de Nárnia, A Viagem do Peregrino da Alvorada, Cap. 11
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