E chega o dia em que tu olhas ao redor
E já não há quem note o rasgo no teu peito
Todos sabem bem de cor os teus defeitos
E o teu valor, qualquer que houvesse, evaporou
Um abismo te rodeia, vala imensa
Dá a certeza firme de que estás sozinho
Insuspeitada a aridez deste caminho
Irrespirável é o que sobrou da tua ofensa
E andas nú, a caminhar com o peito aberto
E tens vergonha de olhar o céu tão alto
E para baixo vão teus olhos, derrubados
Nesta dura frustração do desacerto
Só querias agir bem, fazer o certo
Mas lembraste de ti mesmo; foi teu fim
E agora tu não passas de um ruim
E pra ti mesmo, vais a um passo do inferno
Teu alento, se é que o há, é o mistério
Misericórdia que se alheia a todo cálculo
Na total desproporção com o mensurável
Permanece a inconcussa luz do Eterno.
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