domingo, 29 de abril de 2012

Faz o que quer


A mera espontaneidade não pode ser critério da moral (como também não ´é na arte musical, por exemplo: para tocar piano).

No entanto, S. Tomás afirma: "As virtudes nos aperfeiçoam para que possamos seguir nossas inclinações naturais de modo devido" (II-III, 108, 2).

Na verdade, só com a perfeição da virtude a espontaneidade moral ganha total legitimidade: a improvisação de um virtuose ao piano é deliciosa; a minha, desastrosa.

É a distinção entre o querer e o - para usar a linguagem mais popular - "estar a fim". A virtude faz com que "estejamos a fim" do que realmente, por natureza, queremos*.

A sabedoria popular refere-se ao craque dizendo que ele, sim, faz o que quer com a bola; e também o bom músico é o que faz o que quer com o instrumento. O homem bom (moralmente) faz o que quer simpliciter.

LAUAND, Jean. Linguagem e Ética; Ensaios. Curitiba: Editora Universitária Champagnat, 1989.

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* O "queremos" não faz referência ao aspecto superficial, como se dissessem respeito a vontades caprichosas, mas ao que, profundamente, nossa alma anseia pela sua própria constituição natural ainda que de tais desejos não tenhamos atual consciência.

2 comentários:

Cadú - Blog Dominus Vobiscum disse...

Este blog está cada vez melhor! Parabéns! Estou passando para visitar e também lhe falar sobre o lançamento do primeiro livro do Blog Dominus Vobiscum - O HOMEM, DEUS E A RELIGIÃO. Se interessar, sugiro uma visita ao site do Clube dos Autores. O livro só poderá ser adquirido pela internet http://clubedosautores.com.br/book/126311--O_homem_Deus_e_a_religiao

Deus lhe abençoe.
Sempre a disposição!

Cadu

Fábio Graa disse...

Obrigado, Cadu.

Quero inclusive parabenizá-lo pelo seu livro. Partilho da sua alegria.

Tão logo possa, irei adquiri-lo.

Grande abraço.