sexta-feira, 25 de maio de 2012

Presença, Ausência e Liberdade de Deus


Deus está em toda a parte e nunca nos deixa. No entanto, Ele parece, umas vezes, presente; outras, ausente. Se não O conhecemos bem, não percebemos que Ele nos pode ser mais presente, em sua ausência, do que em sua presença.

Deus tem duas espécies de ausência. Uma é a que nos condena; a outra a que nos santifica.

Na ausência que condena, Deus "não nos conhece", visto que pusemos um outro deus em seu lugar e recusamos ser conhecidos por Ele. Na ausência que santifica, Deus esvazia a alma de toda a imagem capaz de converter-se em ídolo, e de cada interesse que poderia ser obstáculo entre a nossa face e a sua.

Na primeira espécie de ausência, Deus é presente, mas essa presença é negada pela de um ídolo. Deus está em frente do inimigo que, pelo pecado mortal, colocamos entre Ele e nós.

Na segunda espécie, Ele está presente, e essa essência é afirmada e adorada pela ausência do resto. Ele está mais perto de nós do que nós mesmos, embora não O vejamos.

Quem quer que O tente agarrar e reter, perdê-Lo-á. Ele é como o vento que sopra onde lhe apraz. Quem O ama, deve amá-Lo assim vindo não se sabe donde, e indo não se sabe para onde. Nosso espírito deve esforçar-se por ter essa pureza e liberdade do seu próprio Espírito, a fim de segui-lo aonde quer que vá. Quem somos nós para nos chamar de puros e de livres, se não é Ele que nos torna tais?

Thomas Merton, Homem Algum é Uma Ilha

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