domingo, 18 de setembro de 2011

Que Deus nos livre disso tudo

Tenho notado as coisas ao meu redor, e parece-me que o nível de impaciência e de maldade tem crescido bastante. Pessoas que simplesmente não se entram; um simples pigarro ou uma expressão corriqueira são suficientes para levantar a poeira da discórdia, reativar as más paixões, cegar o indivíduo contrapondo, à limpidez do seu olhar, a trave bruta e grossa do seu egoísmo que vê no outro alguém a ser destruído.

Olhando assim, de longe, dir-se-ia que isto é, por força, resultado de uma intervenção sombria. Mas não será isto uma mera suposição de quem vive o fogo da experiência ou, ainda, de quem não compreendeu de todo a baixeza da natureza humana? De fato, o egoísmo descobre mil meios de fazer adentrar, na existência de um indivíduo, algumas centelhas do inferno e, quando algo se nota, já se tem uma vida em labaredas. Que tosquice isso tudo! E nós, que um dia fomos chamados de deuses... 

No entanto, o mistério da iniquidade, não obstante ser ausência de bem, é bastante denso e real. Aquela sombra suspeita e fedida que vive a espreitar e, dizia o Apóstolo, a rugir procurando a quem devorar, existe e não nos quer bem. Dia a dia, torna-se mais evidente que, se Alguém não intervém de cima, pouco ou nada poderíamos fazer. "Como a ti se elevará o homem que criaste, se Tu não o levantares?", pergunta S. João da Cruz a Nosso Senhor. 

Porém, rendamos graças a Deus porque esta intervenção vertical existe, e é constante. É a Igreja que a dispensa aos pobres filhos de Adão. Acuda-nos, Senhor. Não deixeis que nenhum de nós escape de vossas santas mãos. Não deixeis a vossa obra inacabada. Dai aos teus servos, de novo, um coração puro e um espírito decidido. 

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