Ontem à noite (10/01/2010) estava em casa. Tinha assistido alguns animes, tinha lido algumas coisas e, de repente, sozinho, notei uma certa inquietação. Deu-me vontade de ir na casa de algum amigo, mas não fui. Pus então uma música do Mons. Marco Frisina pra tocar, mas, em pouco tempo, eu voltei ao silêncio. Ali, silêncio e solidão eram coisas muito presentes e pude notar um resquício da minha agitação dos últimos dias. Fiquei quieto, olhos fechados, silêncio. Pensei em Deus.
Fiz a experiência, costumeira até, de pensar em Deus para além dos conceitos. Lembrei-me de umas conversas recentes e, também, das lições de S. João da Cruz, da Mística de Trevas e assim fiquei. Era aquilo uma suavidade, mas ainda assim uma densidade real. Não era um retirar-me do lugar por qualquer prática meditativa; era, entes, um testemunhar da transcendência sempre presente. Deus estava ali, em cada espaço, em cada coisa. Não se trata de uma teoria estranha imanentista. Se trata, antes, da convicção metafísica de que Deus é quem sustenta o mundo. Esta definição explica algo, mas o que se tratava era de algo mais único e misterioso. Era uma sutileza quase tímida.
Não estou a dizer que vi ou senti Deus. Estou afirmando que intuí algo mais profundo e que isto me foi possibilitado pela experiência do silêncio e da solidão. Pôr assim em termos conceituais dá a possibilidade de muitos equívocos. Não estou também a dizer que tenha sido nada de sobrenatural. Foi tão somente uma experiência comum e que se deu a partir de um pequeno esvaziamento da minha parte.
Não foi, diria, nenhum tipo de recompensa ou dádiva. Foi só um dispor-se de minha parte. Aquela Presença, aquele silêncio, aquele vazio, ou como o queiram chamar, está aqui, agora, neste instante. Isto me parece com aquele fenômeno que acontece quando falta energia à noite. As luzes artificiais cessam e, então, o céu aparece tão bonito. Não que antes não fosse; mas, agora, se deixa ver.
O silêncio, a solidão nos possibilitam isto.
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