segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

S. Josemaria Escrivá sobre a Humildade


Não queiras ser como aquele catavento dourado do grande edifício; por muito que brilhe e por mais alto que esteja, não conta para a solidez da obra.
- Oxalá sejas como um velho silhar oculto nos alicerces, debaixo da terra, onde ninguém te veja; por ti não desabará a casa.

Quando te vires como és, há de parecer-te natural que te desprezem.

Não és humilde quando te humilhas, mas quando te humilham e o aceitas por Cristo.

És pó sujo e caído. - Ainda que o sopro do Espírito Santo te levante sobre todas as coisas da terra e te faça brilhar como ouro, ao refletires nas alturas, com a tua miséria, os raios soberanos do Sol da Justiça, não esqueças a pobreza da tua condição.
Um instante de soberba te faria voltar ao chão, e deixarias de ser luz para ser lodo.

Tu?... Soberba? - De quê?

Tu, sábio, afamado, eloquente, poderoso: se não fores humilde, nada vales.
- Corta, arranca esse "eu" que tens em grau superlativo - Deus te ajudará -, e então poderás começar a trabalhar por Cristo, no último lugar do seu exército de apóstolos.

Essa falsa humildade é comodismo; assim, tão "humildezinho", vais abrindo mão de direitos... que são deveres.

Reconhece humildemente a tua fraqueza, para poderes dizer com o Apóstolo: "Cum enin infirmor, tunc potens sum" - porque, quando sou fraco, então sou forte.

Olha como é humilde o nosso Jesus: um burrico foi o seu trono em Jerusalém!...

A humildade é outro bom caminho para chegar à paz interior. - Foi "Ele" que o disse: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração..., e encontrareis paz para as vossas almas".

Não é falta de humildade conheceres o progresso da tua alma. - Assim podes agradecê-lo a Deus.
- Mas não te esqueças de que és um pobrezinho, que veste um bom terno... emprestado.

O conhecimento próprio leva-nos como que pela mão à humildade.

A tua firmeza em defender o espírito e as normas do apostolado em que trabalhas não deve fraquejar por falsa humildade. - Essa firmeza não é soberba; é a virtude cardeal da fortaleza.

Foi por soberba: já te ias julgando capaz de tudo, tu sozinho. - O Senhor te largou por um instante, e caíste de cabeça. - Sê humilde, e o seu apoio extraordinário não te há de faltar.

Bem podias repelir esses pensamentos de orgulho; afinal, és como o pincel nas mãos do artista. - E nada mais.
- Diz-me para que serve um pincel, se não deixa trabalhar o pintor.

Para que sejas humilde, tu, tão vazio, tão satisfeito de ti mesmo, basta-te considerar aquelas palavras de Isaías: és "gota de água ou de orvalho que cai na terra e mal ser deixa ver".

S. Josemaria Escrivá, Caminho

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