Enquanto viveu neste vale de lágrimas, o santo pai desprezou as míseras riquezas dos filhos dos homens e, ambicionando a mais alta glória, dedicou-se de todo coração à pobreza.
Vendo que era estimada pelo Filho de Deus e estava sendo desprezada por toda a terra, quis desposá-la com um amor eterno. Apaixonado por sua beleza e querendo unir-se mais estreitamente a sua esposa, como se fossem dois em um só espírito, abandonou não só pai e mãe mas tudo. Abraçou-a por isso em ternos abraços e não quis deixar de ser seu esposo em nenhum momento. Dizia a seus filhos que ela era o caminho da perfeição, o penhor e a garantia das riquezas eternas.
Jamais houve alguém tão ambicioso de ouro quanto ele de pobreza, e nunca houve guarda mais cuidadoso de um tesouro do que ele o foi da pérola evangélica. O que mais o ofendia era ver, dentro ou fora de casa, alguma coisa nos frades que fosse contrária à pobreza. Desde sua entrada na Ordem até à morte, sua única riqueza foram uma túnica, o cordão e as calças. Sua roupa pobre mostrava que riquezas estava amontoando. Por isso, alegre, seguro e livre para correr, tinha o prazer de ter trocado as riquezas que perecem pelo cêntuplo.
Tomás de Celano, Segunda Vida de São Francisco, A Pobreza, Cap. 25. Louvor à Pobreza
Nenhum comentário:
Postar um comentário