Oh! irmãs minhas, que não é nada o que deixamos, nem nada o que fazemos, nem quanto pudermos fazer por um Deus que assim se comunica a um vermezinho! E, se temos esperança de ainda nesta vida gozar deste bem, que fazemos e em que nos detemos? Que coisa é bastante para que deixemos um só momento de buscar a este Senhor, como o fazia a Esposa, por bairros e praças? Oh! e que farsa é tudo o que há no mundo, se não nos leva e ajuda a isto, ainda mesmo que durassem para sempre os seus deleites, riquezas e gozos, todos quantos se puderemo imaginar, que tudo é asco e lixo, comparado a estes tesouros que se hão-de gozar sem fim! Mesmo estes são nada em comparação de ter por nosso o Senhor de todos os tesouros do Céu e da terra.
Oh cegueira humana! Até quando, até quando estaremos até que nos caia esta terra de nossos olhos? Pois, embora entre nós não parece ser tanta que nos cegue de todo, vejo uns argueirinhos, umas manchazinhas que, se os deixamos crescer, bastarão para nos fazer grande dano; senão que, por amor de Deus, irmãs, aproveitemo-nos destas faltas para conhecer a nossa miséria e elas nos dêem melhor vista, como a deu o lodo ao cego a quem sarou o nosso Esposo. E assim, vendo-nos tão imperfeitas, cresça mais em nós o suplicar-Lhe que tire bens das nossas misérias, para em tudo contentarmos a Sua Majestade.
Sta Teresa D'Avila, Castelo Interior.
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