quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A santidade é a maturidade humana: compreensão profunda da verdade de si e do mundo


Uma das resistências que comumente encontro por aí quando estou a falar algo sobre os santos é que algumas pessoas supõem que tais valores têm importância somente dentro do âmbito estrito da mística, ou da ascese, ou que são coisas ilusórias com as quais não pensam e sinceramente não têm o mínimo interesse de se envolver; algo como um ar rarefeito, coisa excêntrica que não cabe muito no ordinário dos dias. Este é um erro comum e se deve ao pouco alcance na compreensão destes mesmos valores ou do que seja a santidade, ou do que seja o bem, universalmente falando.

Porém, estes valores, dos quais os santos são o máximo expoente, são valores universais, correspondentes à própria natureza humana e à própria estrutura da realidade e em grande parte verificáveis. Qualquer sistema moral legítimo com eles se harmoniza e qualquer sistema religioso ordenado os tem por base.

O grande problema da modernidade é que cada pessoa busca viver numa realidade alternativa, num mundo com regras próprias, criadas pela própria pessoa. Estes indivíduos não se importam em conhecer a verdade das coisas; basta-lhes inventar esta verdade e acreditar nas próprias invenções. Desse modo terminam enveredando pela via de mediocridade, estimulando o próprio egoísmo, se tornando marionete dos próprios desejos, obscurecendo a própria inteligência e se habituando a cair nas próprias falcatruas.

Hoje em dia, as pessoas privilegiam muito mais o aspecto subjetivo do que o objetivo. Por causa disto, elegem como critério primeiro de suas ações o modo como se sentirão ou como farão sentir os outros, quando, na verdade, o grande determinante das atitudes humanas deveria ser a sua correspondência com o verdadeiro e com o bem.

E o interessante está justamente aqui: ainda que alguém se sinta bem fazendo o que é errado, no fundo ele estará se prejudicando a si mesmo, visto que a realidade, e o próprio sujeito, estão dotados de uma verdade que pre-existe às escolhas subjetivas do indivíduo. A verdade é universal e a natureza humana é sempre a mesma. O santo é aquele que capta a profundidade desta realidade e a ela corresponde. A Sagrada Escritura nos dá um indicativo: Deus viu que tudo quanto Ele fez era bom. A bondade, portanto, está intrincada nas coisas e identifica-se com a existência mesma das coisas. Este traço pode ser constatado sem precisar recorrer à Sagrada Escritura. O importante aqui é saber que há uma verdade íntima nas coisas. Viver bem é corresponder a esta verdade. A rebelião à verdade é o que a tradição cristã tem chamado de Soberba, que é o egoísmo moderno, e constitui a causa e raiz de todo mal no mundo. O "todo" é todo, mesmo...

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